domingo, 16 de janeiro de 2011

CATIVEIRO

Impossível imaginar a possibilidade de ser arrancada de súbito de minha vida. Impossível imaginar a possibilidade de passar sete anos sem liberdade no meio da selva, sem o mínimo de condições de higiene, conforto, sem nada. Apenas existindo, à força. Em cada página do livro da franco-colombiana Ingrid Betancourt, “Não há silêncio que não termine” (Companhia das Letras, 2010, 553 páginas), a sensação de desconforto e de incredulidade. Parece incrível que alguns (nesse caso, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-FARC), em nome de pseudo-ideais, se julguem no direito de submeter um indivíduo a tais condições. Parece incrível que alguém consiga sobreviver a isso. Eu, por mais que imagine, não sei se o faria. Curioso a leitura deste livro se dar, exatamente, no período em que as mídias alardeiam os acontecimentos que destruíram parte de cidades da região serrana do Rio de Janeiro. Da mesma forma que no caso da Ingrid, não consigo imaginar-me sendo levada no meio da noite por uma avalanche, perdendo a vida, todos os meus pertences ou pessoas queridas. Tudo tão cruel. Mas cruel mesmo é saber que estas tragédias, o sequestro e os desmoronamentos podiam, quem sabe, não ter acontecido. Que diferença faz isso AGORA, se quem pagou o preço não fui eu, você, ou os responsáveis? Talvez faça alguma diferença SIM, para as gerações futuras. Talvez por isso valha à pena apontar o dedo e entregar os culpados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obriagada pelo comentário. Volte Sempre!