terça-feira, 31 de maio de 2011

127 Horas

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Engraçado esses recortes inconscientes que a gente acaba fazendo das coisas, pessoas, projetos. A vida é uma ilha de edição. Fazemos cortes a todo o tempo. Melhoramos lembranças, esquecemos pessoas. Que os deuses me livrem de uma vida linear. Andei pensando porque, no meio de tantos livros, filmes, artigos, que como boa geminiana estou sempre xeretando, escolho um ou outro para escrever sobre. Coisas do mundo da psicanálise. Por esses dias resolvi assistir 127 Horas (Drama, 2010, Reino Unido, 93 min). Tirando filmes de terror, que esses não alcanço coragem (isso mesmo, coragem, é ridículo) de assistir mesmo, não tenho exatamente um estilo. Adoro documentários, drama, aventura, espionagem, animação, enfim, meu gênero preferido é o bom filme. Fiquei com esse filme por semanas na gaveta, enquanto esperava o empurrãozinho para levá-lo até o DVD. Meio solitário, confesso que não sei exatamente se gostei, ou não. Se bem que, fico pensando, alguém deve 'gostar' de um filme que mostra algo tão cruel, tão real?
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O tempo todo me colocando no lugar do personagem, tão solitário, e pensando se teria coragem de tal ato, cortar a própria mão para sobreviver. Afligi-me o tempo todo. Antes, com a expectativa. Durante, uma angústia. Depois, um desconforto em relação a essas situações que nos deixam num beco sem saída. Ou com saída estreita, como mostra o filme onde, em maio de 2003, Aron Ralston (James Franco) trilhava uma aventura pelos canyons de Utah, nos Estados Unidos, e acabou ficando com seu braço preso por uma pedra após uma queda dentro de uma fenda. Sozinho e isolado do mundo, sua luta pela sobrevivência foi relatada em um livro e durou o tempo que batiza esta produção, 127 horas. Em sua rotina agoniante, ele se recusa a assumir o papel de coitadinho. Registra tudo, material que depois serviu de base para o filme, dirigido por Danny Boyle o mesmo de Quem Quer Ser um Milionário?.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Hoje acordei pensando assim...

‎"Te­nho que ter paciência para não me perder dentro de mim: vivo me perdendo de vista. Preciso de paciência porque sou vários caminhos, inclusive o fatal beco-sem-saída"

Clarice Lispector, in Um Sopro de Vida .

quinta-feira, 26 de maio de 2011

ANTES QUE O MUNDO ACABE

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Por esses dias o mundo estava para acabar. Parece que erraram, mais uma vez. Lado bom, vida pela frente. Lado ruim, as contas terão que ser pagas, não tem perdão. Por esses dias, também, me deparei com um filminho daqueles que você não sabe bem de onde veio, não tem referências. “Antes que o Mundo Acabe” (Drama, 2009, 97 min, Brasil) é uma comédia dramática juvenil cheia de referências  aos hábitos e linguajar do Rio Grande do Sul, os personagens não se esforçam para serem entendidos. A gente é que vai se acostumando, e quando vê já entrou na história. Um filme leve, simpático, poético e bem humorado. Com um espírito meio caseiro, mas que também deixa entrever um cuidado em sua produção (mesmo que às vezes pareça meio simplório demais). Daqueles títulos para assistir no final da tarde de domingo, sem pretensões, com um pote de pipoca e guaraná. Simples prazer, que conquistou o prêmio de Melhor Filme Juvenil no 15º SCHLINGEL - Festival Internacional de Cinema para Crianças e Jovens (2010, Alemanha).
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O enredo é o seguinte. Daniel (Pedro Tergolina) tem 15 anos e vive numa pequena cidade, no interior do Rio Grande do Sul. Em sua existência restrita, vive seus pequenos dramas: uma namorada que não sabe o que quer, o melhor amigo sendo acusado de ladrão e o pai que reaparece depois de 15 anos, mostrando para o menino, por meio de fotografias, que existe muito mais além das fronteiras de seu restrito mundo. Trata-se da estréia da curta-metragista Ana Luiza Azevedo na direção de um longa, depois de aclamada carreira formada por curtas produzidos na Casa de Cinema de Porto Alegre, uma das principais produtoras cinematográficas brasileiras, centrando grandes talentos do cinema produzido no Rio Grande do Sul, como Jorge Furtado.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

OS LIVROS NÃO MORRERAM

Revista Veja - edição 2217

Grande satisfação a capa da revista Veja desta semana (edição 2217 – nº 20, 18 de maio de 2011), com destaque para a multiplicação de leitores. Segundo a reportagem, ao contrário do que se acreditava, o advento da Internet e as novas tecnologias não mataram os livros. Assim como não aconteceu com o surgimento do cinema, televisão, DVDs, videogames, etc... “Pois o que se vê é a multiplicação dos jovens que gostam de ler, reconhecendo que um bom texto ainda é, para a vida pessoal e profissional, um instrumento decisivo, afirma a matéria da Veja, em letras garrafais. E tem mais, pois o texto também contraria a previsão daqueles que imaginavam serem prejudiciais essas manias, verdadeiras febres juvenis, de Harry Potter e companhia. Na prática, o que aconteceu foi que aqueles leitores, que entraram no mundo do livro por essa porta, acabaram descobrindo o prazer de leitura e foram em frente, em busca de clássicos e outras leituras. Até a os livros de autoajuda, vejam só, também acabaram se mostrando positivos, como porta de entrada à leitura.

Fonte: http://www.shoptime.com.br/
E o bom é que todas essas teorias confirmadas batem com as minhas. Nunca acreditei no fim do livro (nem do jornal impresso). Mudanças, adaptações, afinal evoluímos, graças a Deus. Mas não o extermínio, nem a tese pessimista de que uma mídia elimina a outra. E quanto aos Harry Potter da vida, ou qualquer outra leitura mais amena, sempre acreditei que o importante é ler, tornar um hábito. Depois que ele se estabelece você vai aperfeiçoando, e aí é um caminho sem volta, no bom sentido. Esses dias, pura coincidência, andei ‘ouvindo’ o CD do Caetano Veloso, “Livros” (Polygram, 1997), com 'letras' deliciosas, nos dizendo que os livros podem lançar mundos no mundo.


Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.


domingo, 1 de maio de 2011

MADE IN PARAÍBA


Foto: Lilla Ferreira

Se for verdadeira a máxima que diz ser o artesanato brasileiro um dos mais ricos do mundo, é certo que o Nordeste contribui muito para isso. Uma diversidade de estilos, materiais e peças. Há mais de uma década de volta ao meu local de origem, de onde tinha tão poucas referências (fui embora muito cedo), ainda me surpreendo com tantas belezas. Esses dias paralisei, enquanto esperava o mestre Ariano Suassuna para falar em um evento que homenageava, vejam só, a cultura popular. Já tinha ouvido falar por uma amiga sobre estas sandálias, mas não imaginava tal encanto. Em outras terras talvez fossem artigo de luxo, mas aqui em João Pessoa (PB) são vendidas em um bairro simples, num mercado popular, longe do circuito das praias e seus artigos/artesanatos para turistas. Fiquei encantada com o colorido e a criatividade.

Quem estiver interessado!

Lojas Só Couro
Foto: Lilla Ferreira

Lairton-Artesão
Mercado Público de Mangabeira
Box 6 - João Pessoa – PB
Contato:
(83) 8831-1312 / 9623-2235

*Preços especiais para revenda

ARIANO-ESPETÁCULO


Ariano Suassuna, cumprimentando
sua platéia. (Foto: Helder Pinto)

O paraibano Ariano Vilar Suassuna, aos 84 anos, tem a mesma empolgação dos primeiros anos de trabalho. Quem já teve o prazer de se encantar com o discurso do escritor, não duvida. Foi o que constatou o (grande) público que compareceu à abertura do VII festival de arte e cultura do Sindicato dos Bancários da Paraíba (BANCARTE), dia 28, em João Pessoa (PB). O que transparece em Ariano não é só sua paixão pelo mundo das letras, mas pela vida e seus personagens. E ele mesmo é o seu melhor personagem. Engraçado, espirituoso, teimoso, inteligente, cativante. Sua fala reflete uma história de vida. Quando ele fala (ou se apresenta?) hipnotiza platéias. Extrapolando sua função de orador, transforma-se ele mesmo em um evento. Torna-se um “homem-espetáculo”, capaz de conquistar até mesmo seus opositores, com uma visão bem pessoal sobre a vida e a arte.
Chico César, na platéia
(Foto: Helder Pinto)

Até mesmo as historias repetidas provocam risos, a gente vê graça no contador, com sua estética divertida. Neste encontro, ele chegou reclamando de uma gripe, pedindo desculpas pela fala difícil. Bastou começar, e já parecia ótimo. Foi logo dizendo que apoiava o músico Chico César, também nosso secretário de Cultura do Estado, o primeiro da pasta. Apóia Chico em sua postura polêmica de selecionar apenas artistas ligados a cultura nordestina paraibana para a festa de São João. Como se estivesse em sua sala de visitas, falou sobre a eterna luta pela cultura popular. Afirmou que a atuação como escritor tem sentido didático. “Assumo o papel de dizer coisas que outras pessoas não dizem”, explica o escritor.
Arian Suassuna (Foto: Helder Pinto)

Lembrando que suas duas maiores paixões de infância, os livros e o circo, continuam muito acesas. Atualmente atuando também como secretário-chefe da Assessoria Especial do atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ele criou o “Circo da Onça Malhada”. Um projeto que já percorreu cerca de 63 municípios. Ele, que já foi secretário de Cultura no primeiro mandato de Campos, disse não estar preocupado com essa coisa de título. “Só me orgulho do cargo de escritor Ariano Suassuna”, concluiu.

Mais fotos

Ariano, animado com a conversa no BANCARTE
(Foto: Helder Pinto)

Ariano, irreverente
(Foto: Helder Pinto)


Jornalista Ricardo Anísio recebendo a medalha Ariano Suassuna
(proposta pela Câmara Municipal de João Pessoa) das mãos do escritor.
(Foto: Lilla Ferreira)