domingo, 22 de julho de 2012

GARAPA

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Não acredito que um novo amor seja a fórmula para eliminar velhos sentimentos. Mas bem que a teoria serviu para tirar o foco de minha tristeza. Há muito guardando o documentário GARAPA (Brasil, 110 minutos, 2009), de José Padilha, para assistir no momento certo, eis que ele aconteceu. A dor não passou, mas a percepção de que o mundo é feito de muitas dores pode ser reconfortante. A sensação de fome, mesmo assistindo ao filme após um farto almoço, foi quase sintomática. Mousse, sorvete, pipoca e outras guloseimas não conseguiram aplacar o medo dessa frase: situação de insuficiência alimentar grave.
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Em preto e branco, o filme registra o cotidiano de três famílias do Ceará, que aplacam a fome de seus filhos com a garapa do título, composto de água e açúcar servido às crianças para substituir o leite praticamente inexistente. Sem trilha sonora, com câmera na mão e lentes fixas, "Garapa" quer que o espectador olhe de perto as estatísticas já conhecidas, durante longos e angustiantes 110 minutos. Um desfile de criaturas sem autoestima nem sonhos, resignados com suas condições frente à vida. O filme acaba e eles continuam esperando pela “vontade de Deus”.

domingo, 8 de julho de 2012

BYE BYE SIVUCA


Sivuquinha, meu amor!

Perder é sempre ruim. Quando ainda se está física e emocionalmente frágil, é pior ainda. Que me perdoem os não sensíveis e os fortes de coração, mas perder meu gatinho Sivuca doeu fundo. Foi de repente, ainda não acreditamos. A casa está triste. Ele era tão feliz, que não parece justo ter vivido só dois aninhos. Aqui em casa pensávamos que iríamos envelhecer juntos. Uma pena.

Ele foi abandonado em nosso quintal na última edição do Fenart, em maio de 2010. Era branquinho e tinha olhos claros. Assim como o festival, também fizemos uma homenagem ao mestre Sivuca. Foi ficando dengoso e esperto. A cara de bobo era só para fazer charme. Tinha alguns apelidos, Sisi ou cabeção. Mas tinha também a enorme capacidade de deixar nossos dias mais coloridos.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

100 COISAS PARA FAZER

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Aproveitando o chá da verdade do último post (que me perdoe o ídolo Ariano Suassuna), tenho que confessar. Comprei o livro 100 COISAS PARA FAZER [antes de morrer] (Melhoramentos, 2005, 197 páginas), de Michael Ogden & Chris Day, estimulada pelo preço promocional. Normalmente não tenho muita paciência com esse tipo de título. Minha sorte foi que não morri nos últimos três anos, tempo que levei para ter coragem de iniciar a leitura. Do contrário, teria perdido a oportunidade. O texto é bem ingênuo, e os depoimentos poderiam ser quase todos resumidos pela metade. Mão não deixa de ser interessante a reflexão sobre o que ainda se espera da vida. Afinal, quais os sonhos que deixou para trás (ou perderam-se pelo caminho). Quais seus projetos atuais. O que você gostaria de fazer e ainda não teve coragem suficiente. Fiz umas 500 listas mentais durante a leitura.

Algumas sugestões
COISAS PARA FAZER ANTES DE MORRER

Procurar um velho amigo.
Não fazer absolutamente nada.
Escalar o Monte Fuji.
Mudar um hábito.
Apaixonar-se.
Mudar de carreira.
Pintar um oratório.
Gritar com toda força.
Fazer jardinagem.
Lutar por um causa.
Começar tudo de novo.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

AUTO-ENGANO

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Segundo o economista e cientista social Eduardo Gianetti, autor do livro AUTO-ENGANO (Companhia de Bolso, 1997, 253 páginas), mentimos para nós mesmos o tempo todo. Parece terrível, mas ele explica. Adiantamos o despertador para não perder a hora, acreditamos nas juras da pessoa amada, lembramos e esquecemos de acordo com nossas convicções. Ou seja, segundo o autor somos todos grandes mentirosos. Imagino que os conceitos de belo e verdade sejam relativos. Mas uma coisa é errar feio no julgamento de uma obra de arte, e outra é prejudicar o próximo ou toda uma coletividade com mentiras. O livro reflete de forma profunda e interessante sobre o tema. Mas tenho que confessar, não vou mentir, achei o livro meio cansativo. Um tanto rebuscado em seu discurso. O curioso é que outro dia, numa noite de insônia, vi uma entrevista do Gianetti no programa do Jô Soares, e me surpreendi com seu jeito leve e espirituoso de falar. Acredito que se ele tivesse dito o que defendeu no livro com a mesma linguagem, a obra seria muito mais interessante.