No mais puro estilo São
Tomé, aquele que precisa ver (ler) para crer. Foi assim que olhei pela primeira
vez para o livro de Fernanda Torres, em sua estreia no mundo da ficção. O
título é Fim (Companhia das Letras, 2013, 203 páginas), mas ele trata mesmo é
da vida. Uma boa surpresa, do tipo que te faz feliz por estar redondamente
enganada. Confesso que desconfiei de tantas críticas e comentários positivos,
acreditando que tinha influência da emissora, da mãe famosa. Mas não, a Fernanda que
desfila pelas páginas do livro é outra, tão boa quanto à atriz, de quem gosto
muito, mas é uma outra voz. Segura, engraçada, inteligente e nem um pouco
politicamente correta. Ela escreve livremente, dando a sensação de que não
escreve para agradar, mas para se divertir. E olhem que fazer isso quando
todos os seus principais personagens morrem, não me parece fácil. Ela fala do “fim”,
mas é a vida que transpira em cada página.
sábado, 23 de agosto de 2014
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Tudo azul
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Jejum de palavras (anorexia da alma)
Foto: Lilla Ferreira |
Notei algumas reações de
espanto ao comentar que o que mais me incomodava no período da quimioterapia, era a falta de vontade de ler. Alguns olhares silenciosos pareciam dizer: era
só o que faltava, a pessoa com tantos problemas preocupada com a falta de
vontade de ler. E estavam certos, de alguma maneira. A dor física, os enjoos, o apetite zero, e tantos outros efeitos físicos, incomodavam muito, mas muito mesmo. Mas essa é a minha medida particular de bem-estar. Se não consigo ter vontade de ler, algo grave está se passando. Mais de três
meses de completa apatia com a escrita. Um passar de olho rápido por jornais e
revistas não conta, já que o gesto é quase automático para um viciado em
palavras escritas. Os textos obrigatórios da universidade também não contam,
embora só Deus saiba o esforço que foi chegar até o final de cada capítulo. Acreditem,
todo esse tempo apenas consegui terminar um livro já começado. Viajar é sonhar
acordado (Gráfica JB, 2011, 134 páginas), do jornalista paraibano Carlos Romero,
foi por muitas vezes um refúgio. Crônicas leves e saborosas com o poder de me
resgatar, mesmo que por breves momentos. Leitura a conta-gotas,a cada duas
páginas uma viagem, no livro e em suas histórias.O cenário agora é outro, e com o começo da radioterapia as mazelas da quimio vão ficando para trás. O paladar e o apetite já se manifestam. A vontade de livros também.
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