terça-feira, 31 de janeiro de 2012

LINDUARTE NORONHA

Com Linduarte, no 4º Cineport, em
João Pessoa (2009)
Dois cursos no Departamento de Comunicação (Decom) na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) serviram para ter o privilégio de conviver de perto com o mestre Linduarte Noronha (1931/2012). Num primeiro momento, ele nos deu a honra de visitar uma exposição nossa sobre o rádio paraibano. Teve a inauguração da sala Aruanda (seu curta-metragem de estréia, 1960), e tantos outros eventos onde a gente podia contar com sua presença ilustre e agradável. Sempre simpático, bom de papo, disposto a contribuir com os alunos e profissionais da área. O cinema era sua paixão. Ele era nosso ídolo. Lembro de uma ocasião, nos corredores do Decom , quando o mestre comentou: “tenho até medo dessas homenagens, quando começa assim o cara está perto de morrer”. Ontem, 30 de janeiro, nosso cineasta preferido nos deixou.

sábado, 28 de janeiro de 2012

domingo, 22 de janeiro de 2012

MIMO

Divulgação
Tempos difíceis. O tempo presente costuma ser sempre o mais difícil. O saudoso passado e o brilhante futuro tornam-se, assim, um ótimo refúgio. Acho que foi Woody Allen que afirmou através do seu (mais um) alter ego Gil (Owen Wilson), personagem central no brilhante Meia Noite em Paris (Midnight in Paris, 100 min., 2011), “O presente é insatisfatório”. Assim como acreditava Faulkner, uma das tantas referências no filme de Allen, quando afirma que “o passado não passa, não morre”. Para ele o tempo é circular. Por isso é tão sério esse papinho quase auto ajuda que lembra a importância de se valorizar o simples e as pessoas. Nesses turbulentos primeiros dias de 2012 desenterrei uma palavrinha que parece meio fora de moda. Mimo, isso mesmo, alguém aí ainda lembra o seu significado? Manifestação de afeto e carinho. Delicadeza, suavidade, desvelo com que se trata alguém. Aproveito o pit stop forçado da vida e refaço listas de projetos e prioridades. No topo delas agora está a vontade de que o afeto seja a tônica deste ano, que sabiamente tem uma nova chance. Ele recomeça agora, no ano chinês que tem o dragão como símbolo. Espero que venha no estilo realismo fantástico, como o filme de Allen.

E para ilustrar alguns mimos que recebi de uma amiga - que bem conhece todos esses temas - nos últimos tempos:

Tudo muito fofo, minha cara
(amei a sacolinha, tanto quanto
o livro que veio junto!)



Detalhe da charmosa caneca
de Amélie Poulain
 







Cada pontinho(meu preferido)
feito à mão! Um mimo!



quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

AUSÊNCIA

Momento feliz, com minha
querida sogra e amiga
Por muito tempo o sentimento de ausência me lembrou Drummond, hoje remete à dor (e não tem poesia que dê jeito). Se a vida é uma batalha, nem de longe a morte é um fracasso. Nem se opõe à vida. Apenas faz parte. Não sou muito feita a clichês, mas tenho que concordar com o ditado popular, “só não há jeito para a morte”. E quando ela chega todo o resto fica pequenininho. Fácil, fácil, de se ajeitar. O tal do ano novo veio cheio de personalidade, no estilo Nelson Rodrigues, algo como “a vida como ela é” ou “a vida como ela quer”. Varreu planos, alterou lista de metas, transformou o significado do Dia de Reis. A partir de agora a ausência de um avô não conhecido, mas nas histórias ouvidas muito amado, terá a companhia de minha querida Orquiza Pinto, mãe de meu sempre eterno companheiro, que se foi há sete dias. Volto já, vou ali depurar meu luto!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O QUE O BRASILEIRO LEU EM 2011

Por Deonísio da Silva em 03/01/2012 na edição 675

http://www.google.com.br/
A média de venda em países desenvolvidos é 13 livros por ano, por habitante. No Brasil, há poucos anos era inferior a um livro por ano, mas depois que os governos passaram a fazer compras relevantes de livros previamente selecionados, este índice subiu para dois livros anuais por habitante. Em resumo, o brasileiro lê pouco. Mas há uma contradição nisso tudo: o mercado editorial brasileiro é um dos maiores do mundo.

Foi nesse contexto que, do ponto de vista dos negócios editoriais, o autor nacional foi um desastre para as editoras em 2011, especialmente os autores do que se entende por literatura – romance, contos, crônicas, poesia, biografia, ensaio.

No romance, gênero literário por excelência, a solitária exceção foi Jô Soares, com o romance As Esganadas (Companhia das Letras, 88.391 exemplares vendidos). Esse romance é sucesso, não pela qualidade literária inegável, com tramas muito bem urdidas, mas porque o autor é conhecido do público por causa da televisão.

O livro de qualidade pode vender pouco e isso não lhe tira os méritos. De modo análogo, pode vender bastante e ter ou não ter qualidade. Jô Soares concilia qualidade literária e desempenho comercial. Que editor não quer um autor com tal perfil?

Primeiro da lista
Nos romances vindos de traduções, houve também uma solitária exceção, a de Umberto Eco, comCemitério de Praga (Editora Record, 46.420 exemplares vendidos). O autor italiano é um fenômeno mundial desde que, ensaísta e professor universitário conhecido de poucos, ganhou a mídia internacional e a lista dos exemplares mais vendidos em todo o mundo com o romance O Nome da Rosa.

Vejamos o que ocorreu com as editoras que publicaram Umberto Eco e Jô Soares. No Grupo Editorial Record, que engloba diversas editoras, o destaque de vendas para escritores brasileiros foi A Riqueza do Mundo (7.984 exemplares vendidos), da romancista, poeta e cronista Lya Luft. Mas este seu livro, destaque em vendas, não é romance e, sim, um livro que mistura crônicas e ensaios, um dos quais dá título ao volume.

Entre os 59 livros mais vendidos do grupo, apenas 23 títulos tiveram desempenho de vendas acima de 2.000 exemplares. Em compensação, os dez livros mais vendidos da Record venderam no conjunto 299.546 exemplares, média de 30.000 exemplares por livro.

O campeão de vendas da Companhia das Letras foi Steve Jobs, de Walter Iaacson. A biografia do ícone de tablets e celulares de sucesso internacional vendeu 109.658 exemplares.

Sem anúncios
Em 2011, foram lançados no Brasil muitos livros de qualidade, de autores nacionais como de estrangeiros, mas não foi dada a devida atenção ao óbvio nos negócios: o marketing.A mídia deu sua quota de colaboração nos tropeços ao esconder livros importantes, mas é preciso que jornais, revistas, tevês, rádios, blogues etc. sejam procurados, não apenas para solicitação de apoios gratuitos, mas como parceiros de negócios editoriais.

Ouvimos, vemos e lemos anúncios de cinema, de teatro, de músicas e até de telenovelas, mas livros só muito raramente são anunciados.

[Deonísio da Silva é escritor, doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, professor e um dos vice-reitores da Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, autor de A Placenta e o Caixão, Avante, Soldados: Para Trás e Contos Reunidos (Editora LeYa)]