E daí que as leituras estão
atrasadas, os textos idem. Soltando o botão do pause, pego um daqueles de
promoção. Hotel Íris (Leya, 2011, 205 páginas) de Yoko Ogawa me seduziu, claro,
mais uma vez pela paixão por coisas do oriente. Mas quis mesmo foi descobrir
por que uma jovem bela e delicada precisa tanto desse arrogante e perturbado
amor. Talvez vá para a lista daqueles que não fazem muita diferença, mas quando
se trata de livros acredito que eles sempre têm seus motivos. Desconfio até que
tenham poderes mágicos.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
Sim, eu tenho câncer, e daí?
Aos 10 ou 11 anos |
Você percebe que seu mundo
mudou, ou então foi abduzida para outro planeta. E que nada vai parar por causa
disso, tipo brincando de estátua. O desejo é de que tudo pare, enquanto você
melhora e segue a vida com todo mundo. Mas não é bem assim. No outro dia (ou no
outro segundo) tudo estará como sempre foi. O ônibus atrasado, vizinho mal-humorado,
o cafezinho gelado. O caixa do banco não te facilita a vida por causa disso, e
as contas continuam chegando no seu endereço. É isso. Sua vida pega um
atalho, enquanto o mundo segue em frente. Não posso falar por outras pessoas.
Mas quanto a mim, talvez por não ter lido apenas Pollyanna (eu fui além e
completei com Pollyanna Moça, vocês conhecem?), acredito que o atalho pode
voltar a cruzar a tal estrada.
Primeiro vem o susto, depois
o medo. A revolta passa rápida. A angústia permanece, só muda o grau. Quando
você se dá conta de que é verdade, essas coisas não acontecem apenas nos filmes
ou na casa ao lado, tudo fica claro. É hora de correr atrás do prejuízo e ver o
que se pode fazer. Desde o primeiro exame pude ler nos olhos da moça que me pediu
para voltar e ‘complementar’ o exame, mesmo eu já estando de saída. Pude
entender a presteza da médica ao lançar do celular ligando para o colega, dono
da clínica, solicitando um exame com urgência. Foram dias de espera pelo
resultado oficial, mas eu já sabia. Engraçado que algumas pessoas diziam
“tenha fé”, como se ser racional e enxergar o problema de frente fosse uma
fraqueza. Esse é o meu jeito de lidar com as dificuldades, de frente. Não vou
me espantar se isso mudar, porque a 'coisa’ é perigosa. Não sei do futuro,
apenas acredito que vou estar lá. Mas também sei que posso me permitir ser frágil vez
por outra.
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
CORAGEM, CORAGEM, CORAGEM
Palavras são mágicas. Mas pela
primeira vez na vida não as tinha. Quase um grilo falante, rato de biblioteca,
do tipo que se distrai até com bula de remédio, de uma hora para outra a graça
pelas palavras apagou. Primeiro no susto. Depois na compreensão. E por último
no medo. Sim, é natural ter medo do perigo. Instinto. As leituras foram ficando
arrastadas, os livros compridos. Mas a delicadeza de uma amiga querida fez
milagre, com um mimo que chegou em forma de mensagem. Coragem. É disso que
preciso, porque o gosto pela vida e as ferramentas para lutar acho que tenho.
De outra forma não teria chegado até aqui, já que foram tantos tropeços pela
vida. Que venham os livros, revistas, anúncios, bilhetes.... o futuro me espera. Que os anjos me protejam.
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