quarta-feira, 1 de outubro de 2014

No olho do furacão

 
Foram dias, meses, quase um ano girando. É exatamente assim que sinto-me neste momento. A cabeça ainda está meio zonza, mas tenho certeza que me colocaram a girar dentro de uma máquina de lavar. Acho que devo agradecer a sorte de não ter sufocado, afogado ou coisa parecida. Agora é firmar o olhar nessa janelinha, criar coragem para dar os primeiros passos e cair fora. A vida não espera.
 


sábado, 23 de agosto de 2014

FIM (uma escritora entra em cena)


No mais puro estilo São Tomé, aquele que precisa ver (ler) para crer. Foi assim que olhei pela primeira vez para o livro de Fernanda Torres, em sua estreia no mundo da ficção. O título é Fim (Companhia das Letras, 2013, 203 páginas), mas ele trata mesmo é da vida. Uma boa surpresa, do tipo que te faz feliz por estar redondamente enganada. Confesso que desconfiei de tantas críticas e comentários positivos, acreditando que tinha influência da emissora, da mãe famosa. Mas não, a Fernanda que desfila pelas páginas do livro é outra, tão boa quanto à atriz, de quem gosto muito, mas é uma outra voz. Segura, engraçada, inteligente e nem um pouco politicamente correta. Ela escreve livremente, dando a sensação de que não escreve para agradar, mas para se divertir. E olhem que fazer isso quando todos os seus principais personagens morrem, não me parece fácil. Ela fala do “fim”, mas é a vida que transpira em cada página.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Tudo azul

Foto: Lilla Ferreira
De uns dias para cá me pintei de azul. Apaixonada pelas cores de Almodovar, no olho do furacão me vejo tranquila. Estranho. Se até as unhas ficaram marcadas de forma definitiva e vão contar história, porque não renovar a alma?

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Jejum de palavras (anorexia da alma)




Foto: Lilla Ferreira
Notei algumas reações de espanto ao comentar que o que mais me incomodava no período da quimioterapia, era a falta de vontade de ler. Alguns olhares silenciosos pareciam dizer: era só o que faltava, a pessoa com tantos problemas preocupada com a falta de vontade de ler. E estavam certos, de alguma maneira. A dor física, os enjoos, o apetite zero, e tantos outros efeitos físicos, incomodavam muito, mas muito mesmo. Mas essa é a minha medida particular de bem-estar. Se não consigo ter vontade de ler, algo grave está se passando. Mais de três meses de completa apatia com a escrita. Um passar de olho rápido por jornais e revistas não conta, já que o gesto é quase automático para um viciado em palavras escritas. Os textos obrigatórios da universidade também não contam, embora só Deus saiba o esforço que foi chegar até o final de cada capítulo. Acreditem, todo esse tempo apenas consegui terminar um livro já começado. Viajar é sonhar acordado (Gráfica JB, 2011, 134 páginas), do jornalista paraibano Carlos Romero, foi por muitas vezes um refúgio. Crônicas leves e saborosas com o poder de me resgatar, mesmo que por breves momentos. Leitura a conta-gotas,a cada duas páginas uma viagem, no livro e em suas histórias.O cenário agora é outro, e com o começo da radioterapia as mazelas da quimio vão ficando para trás. O paladar e o apetite já se manifestam. A vontade de livros também.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

So tired

Minha última sessão de quimioterapia!
Trilha Sonora de minha adolescência, essa música de Ozzy Osborne tem sido meu ritmo secreto por esses dias. Teima ficar tocando em meus ouvidos, aqueles que ouvem com a memória.  A letra é romântica, totalmente fora do atual contexto. Mas a voz arrastada, o ritmo lento da balada, esses sim combinam com o cenário. Tão cansada. De corpo e de alma. E o trecho que fala “agora o amanhã é hoje” (Now tomorrow's today) é exatamente como me sinto. Sei que no capítulo final a mocinha vence o mal. Mas até chegar lá será um passo por vez, com tropeços, calos e paradas para tomar fôlego. O amanhã é HOJE. E hoje, saio do casulo do mundo da quimioterapia. Meu mundo volta lentamente a ganhar cores. Mas a viagem, essa ainda tem muita estrada pela frente.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Parabéns pra você...

 
Esse ano foi no susto, dia 18 chegou e eu nem percebi.
...nesta data querida, muita felicidade, muitos anos de vida. E tem como não pensar nisso em meio às comemorações de aniversário e um tratamento contra o câncer? Não, não tem. Religião, frases bonitas, um abraço amigo, o amor da família, isso tudo vale mais que remédio. Se há algo de bom em se ficar doente é a constatação do apreço de muita gente. Mas quando o silêncio chega, quando se encosta a cabeça no travesseiro, mil coisas passam pelo pensamento.
Esse vai ficar pra história!
Minha sorte é que a careca começa a doer de tanto revirar no travesseiro, o enjoo volta, a dor nos ossos grita, a febre assusta. E o drama acaba. Que venham os ‘muitos anos de vida’, sim, se Deus quiser. Mas o tempo, esse só existe de verdade no presente.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Stop, eu quero descer


Antes de mais uma sessão de quimioterapia (argh!)
Ainda criança quando estava com febre, gripe, dor de garganta, ficava animada. Isso porque podia faltar à aula e viajar nos livros. Uma tarde inteirinha só para mim, era um luxo. Logo o mal estar passava e a vida voltava ao normal. O que me assusta agora é que ganhei dias e dias de folga e a cabeça não ajuda. Falta coragem e vontade para ler e até mesmo para os filmes, outra paixão. E se a cabeça não colabora, o que direi do corpo. Esse joga contra, passa rasteira. Acho que é tempo de pausa. Enlouquecedora. Se ao menos cessassem os medos.

sábado, 17 de maio de 2014

Alguém viu essa menina por aí?


A qualidade da foto está péssima, vou ser obrigada a confessar que trata-se de um slide de monóculo digitalizado, coisa de mil novecentos e bolinha, que entrega de cara a idade da pessoa. Sim, nasci em 1968, o ano do Zuenir Ventura, aquele que "não terminou". O tempo cronológico não me assusta. Nunca quis ser mais velha, nem mais nova. Meu tempo é, e sempre foi, o presente. Mas vez por outra é bom girar o pescoço e vislumbrar quem você era. Gosto disso. O tempo histórico, esse me interessa. Tenho poucas fotos de minha infância, conto nos dedos das mãos. Mas a memória afetiva, essa é recheada de imagens. Essa menininha da foto era tagarela, curiosa, teimosa, e já amava os gatos e a natureza. Ela nasceu vegetariana, sem teses, essas vieram depois. Milhares delas.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Quando acende a luz vermelha

Há exatos seis meses, 6 de dezembro de 2013, uma sexta-feira. Estava de licença do trabalho por causa de uma virose das bravas. Mas alguma coisa dizia, levanta, afinal já está marcado e vai ser rápido. A mamografia havia sido solicitada por uma pneumologista, isso mesmo, o tal nódulo tinha aparecido em um check-up respiratório. Além de descobrir que posso roncar mais de 400 vezes em uma noite de sono, o alerta veio com uma tomografia do tórax. Quando a moça simpática pediu, “vamos fazer uns complementos, acho que o médico vai precisar”, uma luzinha vermelha acendeu. Lembro-me de ter comentado logo depois com meu companheiro, na sala do cafezinho, “acho que a coisa é mais séria”. E era. Bendita hora que arrumei coragem para sair de casa naquele dia, afinal de contas estávamos às vésperas do natal, ano novo, e quem em sã consciência marca médicos e exames para essa época? De lá para cá já se vão seis meses. Resultado da primeira biópsia dia 6 de janeiro, primeira cirurgia dia 6 de fevereiro, segunda cirurgia dia 6 de março. Só hoje me dei conta que o tempo passou tão rápido. Foram tantos exames, consultas, autorizações. Há uma semana comecei minha quimioterapia. Serão quatro sessões com intervalo de 21 dias, seguida da radioterapia. Depois o tal remédio indicado pelo exame histoquímico, que deverá ser tomado por “cinco” ou “dez” anos. Tempos de espera. A cada procedimento, a incerteza de como o organismo irá reagir. Nada é definitivo. E ao que parece, vai ser assim sempre, mesmo depois do tratamento e da cura. Porque esse, é o que acredito, será o resultado do jogo, a cura. Meu sentimento cristão esteve presente desde o começo, achava até tolice dizerem “tenha fé”, pois tive desde o início. E acho que a teria mesmo que não fosse católica. Fé na medicina, na minha vontade, sei lá o que fosse. Esse é um dos principais ingredientes. Mas acreditar não significa que vai ser fácil, porque não vai.
 
Primeiro você perde sua autonomia, e por mais que tente manter uma rotina, o tom dos seus dias não é você quem dita. Um pouco de bom humor e a cabeça fica boa a maior parte do tempo, mas quando escorrega, vai fundo. A incerteza, as estatísticas, o medo. No Brasil a cada três mulheres com câncer de mama uma não sobrevive. Sim, o medo faz parte, e é exatamente ele que te leva para frente dizendo, aguenta criatura, vai passar. A fase da mutilação, no meu caso parcial, me surpreendeu. Logo me acostumei e só vou querer pensar se e quando consertar o estrago, depois de tudo. Também o cabelo, se e quando cair costumo brincar dizendo que os outros é que vão sofrer por me verem muito feia. Cabelo cresce, e o meu sempre gostei de cortar. Já a quimio me deu uma rasteira, afinal fui premiada com todos os sintomas e mais algum, meio raro, pois sou alérgica a isso e aquilo. Mas já estou montando uma estratégia para não sofrer muito nas próximas, a experiência ajuda. E estou contando com ela para me auxiliar para o resto da vida. Não que seja especial apenas no meu caso, mas desafio alguém a passar por um susto desses e não mudar, de preferência para melhor. Confesso que achava meio piegas esse discurso de “depois de tal e coisa minha vida mudou”, mas é verdade, muda. Como diria Platão, o rio não será mais o mesmo. E essa enxurrada te leva para muito, mas muito longe. E é para lá que espero ir depois de tudo.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

BOB, UM BOM COMPANHEIRO

Foto: Lilla Ferreira
Dias nublados - daqueles que desafiam o sol que invade as janelas - combinam com livros fofinhos. Empréstimo de uma amiga querida. Passei bons momentos em companhia de “Um gato de rua chamado BOB – A história da amizade entre um homem e seu gato” (Novo Conceito, 2013, 236 páginas) e “O mundo pelos olhos de BOB – As Aventuras de James e seu gato” (Novo Conceito, 2014, 222 páginas), de James Bowen. O autor era um morador das ruas de Londres, lutando contra a dependência química de heroína, quando encontrou um gato (laranja) ferido, enrolado no cobertor de seu alojamento. Logo os dois tornaram-se inseparáveis, e essa convivência iria transformar suas vidas e curar, lentamente, as cicatrizes que cada um dos dois trazia de seus passados conturbados. Acho que posso entender o James, e também o Bob, pois nunca consegui viver sem um gato por perto. Aliás, nem lembro se já fiquei algum dia. As histórias deles se confundem com minhas memórias.

terça-feira, 25 de março de 2014

Leonardo ("Não aprendi dizer adeus")

 Fotos: Lilla Ferreira (Acervo pessoal)
Ainda na pauta do adeus. Com os pés no chão e lá para as bandas do Goiás, terra dos irmãos sertanejos Leandro & Leonardo. Esses dias li todas as revistas dos consultórios médicos por onde passei, a sede de leitura começa a voltar. Como todo hábito, o de ler também precisa de um empurrãozinho. Acabei numa leitura afetiva, o livro LEONARDO – Não Aprendi Dizer Adeus (Casa da Palavra, 2013, 239 páginas), depoimento a Silvio Essinger, um dos mais respeitados críticos de música do Brasil .Não é bem uma biografia, mas uma escrita tipo desabafo do cantor Leonardo, ao completar 50 anos de idade. A obra narra a trajetória da dupla, a dor da perda do irmão e companheiro de sucesso, assim como a aventura de se lançar em carreira solo.
Mais um pouquinho de minha coleção (amo vinil)
Narrativa que me levou aos tempos da Continental Discos Chantecler (Gravações Elétricas S/A), última grande gravadora nacional a se render ao capital estrangeiro, no começo da década de 90 do século passado. Saudades de uma época em que trabalhar foi também pura diversão. Um tempo lúdico. As duplas sertanejas começavam a decolar, rumo ao sucesso que as colocou e legitimou no cenário da música brasileira. Leonardo me fez voltar àquele prédio antigo da Avenida do Estado, cheio de histórias e de pessoas queridas. Algumas me acompanharam pela vida. As aventuras no Hotel Jandaia, as coletivas, festas no Limelight, viagens pelo interior, confraternizaçao no final de ano, com show exclusivo do casting para os funcionários. Pelo que vejo, esse estágio saudosista vai demorar um pouco mais do que imaginava.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Podemos dizer adeus mais de uma vez

Foto: Lilla Ferreira
Parece até castigo - só que não - ter pedido tanto um tempinho livre, para fazer coisas legais, passeios, leituras, filmes... E ter conseguido, finalmente. Mas o presente veio com bônus, aquela doença que a maioria das pessoas ainda tem medo de falar. Sim, já falei aqui antes, eu tenho câncer, e não um CA. Ou será que falando só o apelido a doença fica menor – só que não, de novo? Então, o tempo apareceu, e pelo que estou vendo, vai até sobrar. Torcer agora para a ansiedade diminuir, até porque é melhor para a saúde.

Logo depois do diagnóstico, como todo paciente modernonomundodainternet, desandei a pesquisar termos, diagnósticos, tratamentos, tudo que dissesse respeito à novidade. O lado personagem jornalista contribuiu bastante, e atormentei a paciência da minha médica. Nessa busca, encontrei vários blogs de pessoas que resolveram criá-los para falar sobre a sua forma de lidar com o problema. Aprendi bastante, mas prometi a mim mesma que não iria transformar esse meu espaço de ‘lazer’ em meu diário do tratamento. O juramento ainda está de pé, mas não tem como evitar alguma interferência, afinal de contas minha vida, neste momento, gira em torno desse planeta.
Lembrei-me do livro Anticâncer, de David Servan-Schreiber, o relato de um médico que lutou contra o câncer e inventou uma nova maneira de viver, que li há cerca de dois anos. Achei que seria a hora de conhecer o final da sua batalha no livro Podemos dizer adeus mais de uma vez (Fontanar, 2011, 137 páginas). Ele venceu a doença por quase 20 anos, e despediu-se com serenidade, mas não desistiu nunca, nem mesmo quando o seu lado racional dizia que era tarde. Mas o mais importante é que ele viveu enquanto estava vivo, e longe de ser redundância, essa atitude é sábia e difícil nesse contexto. Foi o David que me fez ter coragem de falar sobre minha doença no facebook. Ele optou pela franqueza, primeiro porque a doença se ‘manifesta’, mas também porque segundo ele um ditado americano diz que “quando há um elefante na sala, não devemos fingir que não o enxergamos, precisamos falar dele e chamá-lo pelo nome”.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

# ARQUIDIOCESE DA PARAÍBA #

Foto: Lilla Ferreira
Faz 100 anos que a Diocese da Paraíba foi elevada à Arquidiocese, e uma grande comemoração foi realizada neste sábado (22 de fevereiro), no adro da igreja de São Francisco, Centro de João Pessoa. Momento oportuno para ler o livro escrito pelo Monsenhor Ednaldo Araújo dos Santos (Organizador), Arquidiocese da Paraíba – História e Memória - 1914 / 2014 (Gráfica Moura Ramos, 2013, 214 páginas). Porque o momento é bem propício para as palavras santas.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Hoteru Airisu


 
E daí que as leituras estão atrasadas, os textos idem. Soltando o botão do pause, pego um daqueles de promoção. Hotel Íris (Leya, 2011, 205 páginas) de Yoko Ogawa me seduziu, claro, mais uma vez pela paixão por coisas do oriente. Mas quis mesmo foi descobrir por que uma jovem bela e delicada precisa tanto desse arrogante e perturbado amor. Talvez vá para a lista daqueles que não fazem muita diferença, mas quando se trata de livros acredito que eles sempre têm seus motivos. Desconfio até que tenham poderes mágicos.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Sim, eu tenho câncer, e daí?



Aos 10 ou 11 anos
Você percebe que seu mundo mudou, ou então foi abduzida para outro planeta. E que nada vai parar por causa disso, tipo brincando de estátua. O desejo é de que tudo pare, enquanto você melhora e segue a vida com todo mundo. Mas não é bem assim. No outro dia (ou no outro segundo) tudo estará como sempre foi. O ônibus atrasado, vizinho mal-humorado, o cafezinho gelado. O caixa do banco não te facilita a vida por causa disso, e as contas continuam chegando no seu endereço. É isso. Sua vida pega um atalho, enquanto o mundo segue em frente. Não posso falar por outras pessoas. Mas quanto a mim, talvez por não ter lido apenas Pollyanna (eu fui além e completei com Pollyanna Moça, vocês conhecem?), acredito que o atalho pode voltar a cruzar a tal estrada. 
 
Primeiro vem o susto, depois o medo. A revolta passa rápida. A angústia permanece, só muda o grau. Quando você se dá conta de que é verdade, essas coisas não acontecem apenas nos filmes ou na casa ao lado, tudo fica claro. É hora de correr atrás do prejuízo e ver o que se pode fazer. Desde o primeiro exame pude ler nos olhos da moça que me pediu para voltar e ‘complementar’ o exame, mesmo eu já estando de saída. Pude entender a presteza da médica ao lançar do celular ligando para o colega, dono da clínica, solicitando um exame com urgência. Foram dias de espera pelo resultado oficial, mas eu já sabia. Engraçado que algumas pessoas diziam “tenha fé”, como se ser racional e enxergar o problema de frente fosse uma fraqueza. Esse é o meu jeito de lidar com as dificuldades, de frente. Não vou me espantar se isso mudar, porque a 'coisa’ é perigosa. Não sei do futuro, apenas acredito que vou estar lá. Mas também sei que posso me permitir ser frágil vez por outra.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

CORAGEM, CORAGEM, CORAGEM


Palavras são mágicas. Mas pela primeira vez na vida não as tinha. Quase um grilo falante, rato de biblioteca, do tipo que se distrai até com bula de remédio, de uma hora para outra a graça pelas palavras apagou. Primeiro no susto. Depois na compreensão. E por último no medo. Sim, é natural ter medo do perigo. Instinto. As leituras foram ficando arrastadas, os livros compridos. Mas a delicadeza de uma amiga querida fez milagre, com um mimo que chegou em forma de mensagem. Coragem. É disso que preciso, porque o gosto pela vida e as ferramentas para lutar acho que tenho. De outra forma não teria chegado até aqui, já que foram tantos tropeços pela vida. Que venham os livros, revistas, anúncios, bilhetes.... o futuro me espera. Que os anjos me protejam.