terça-feira, 23 de abril de 2013

Arte Armorial

Ariano Suassuna lança pedra fundamental de seu museu na Paraíba 

Foto: Helder Pinto (2009)
O mestre da Arte Armorial Brasileira, Ariano Suassuna, recebe nesta terça-feira, 23 de abril, na Fazenda Acauã, o título de cidadão sousense e aparecidense. Na ocasião, vai ser lançada também a pedra fundamental do Museu Armorial Ariano Suassuna, que vai abrigar parte do acervo da obra imortal do escritor.  O museu conterá também as figuras criadas pelo romancista e que ficaram mais nítidas na memória do povo através das peças de teatro, do cinema e da televisão, como é o caso dos personagens João Grilo e Chicó, além de padres e cangaceiros ali retratados.

Ariano e sua companheira (2009)   
A ideia de promover a cerimônia na própria Fazenda Acauã tem uma simbologia muito forte. O romancista tem um carinho especial pelo local, e fez referências a ela em diversas obras, como por exemplo, a Lenda do Rei Degolado, onde Acauã é chamada de Malhada da Onça. Sem falar que Acauã é um sítio histórico de grande relevância também por outros acontecimentos, como a prisão de Frei Caneca, líder da Confederação do Equador, que pretendia implantar a república no Brasil ainda no começo do século XIX.


Arte Armorial Brasileira

A palavra Armorial começou como substantivo significando "livro de brasões ou de referencias heráldicas", tornou-se adjetivo para caracterizar o movimento cultural lançado nos anos 70, por Ariano Suassuna e outros autores para dar uma feição erudita à cultura popular do nordeste, com seus folhetos de cordel, suas modas de viola, suas danças, e diversas outras manifestações como, por exemplo, animais fantásticos, contos e lendas de heróis ancestrais, integrantes de um romanceiro com traços ibéricos.

É possível, a partir desta palavra Armorial, entrever também um paralelismo entre a sociedade das fazendas de gado do sertão e o sistema feudal da Europa medieval. Esta com seus suseranos e guerreiros de armaduras e ginetes, e aquela com o senhor proprietário e os vaqueiros com seu gibão, chapéu de couro e peitoral, lembrando precisamente aquelas armaduras. É bom não esquecer que Ariano Suassuna é também um grande poeta e que a sua sensibilidade e imaginação não tem limites.

Fonte: Assessoria

 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Gostar ou não gostar?


Sensação estranha essa de remar contra a maré, tenho até medo de estar sendo injusta. Como se explica quando o mundo inteiro parece gostar de um filme e você passa o tempo todo de exibição tentando espantar o sono e o tédio? Sinto-me aliviada por não ter que escrever oficialmente sobre isso, por não ser crítica de cinema e coisa e tal. Vejo filmes e mais filmes por puro entretenimento, e acho que deve ser honesto gostar ou não gostar, mesmo sabendo que mil fatores levam a isso. Ignorância, distanciamento do tema, momento errado para a emoção da obra, a questão é que na esfera doméstica viva a liberdade de expressão e de escolha!

quinta-feira, 4 de abril de 2013

ME LEVA MUNDÃO...

Histórias dos homens de preto e do dia em  que conheci Maurício Kubrusly


Para quem gosta de viajar por culturas e histórias diferentes, o livro do Maurício Kubrusly, Me Leva Mundão (Globo, 2011, 397 páginas) é passaporte certo. Um saboroso conjunto de crônicas divertidas e temperadas pelo olhar bem brasileiro do experiente repórter do Fantástico. Difícil foi escolher sua melhor aventura, mas uma que não me saiu da cabeça foi a do homem de preto, algo simples, mas que me faz rir toda a hora que  lembro. O título é “O Fraque do Terror”, no capítulo em Portugal. Ele conta de sua estranheza ao observar que algumas pessoas são seguidas por um homem de preto. Eles não fazem nada, zero de ação. Apenas as seguem, no estacionamento, no restaurante, todos os dias. Uma forma especializada de cobrança, inventada para constranger um devedor e forçá-lo a pagar suas dívidas. Quando ele aparece todo mundo sabe, ali está um ‘homem a dever’. E tem mais, o método pode ser usado para constranger amantes também. Falando assim pode não parecer grande coisa, mas no olhar de Kubrusly é outra história.

E já que estamos falando em histórias, também tenho uma com o repórter engraçado do Fantástico. Lembro que ele entrava todas as noites ao vivo, há cerca de duas décadas, no Jornal da Globo, sempre com pautas inusitadas, bem ao seu estilo. Vai que na mesma época estava fazendo um curso, se não me falha a memória, de Música na Publicidade com o saudoso Zé Rodrix (vide Joelho de Porco, e talentoso publicitário), na Oficina Cultural Oswaldo de Andrade. Ele também uma figura divertida e espirituosa. No último dia de aula, apresentação do trabalho final, último horário. A deixa para que o professor trouxesse o amigo para nos colocar na maior saia justa, entrar ao vivo na Globo. O dia em que conheci Maurício Kubrusly. Para comemorar, depois do susto, todo mundo para um tradicional restaurante grego, daqueles pequenos e charmosos do Bom Retiro, na saudosa noite paulistana.