terça-feira, 25 de dezembro de 2012

FAMÍLIA & NATAL

O verdadeiro espírito do Natal!
Ouvi dizer algumas vezes que os anos foram difíceis, que o Natal estava 'magro', ou até mesmo sobre as dificuldades do Papai Noel. Mas nada disso faz parte de minha memória afetiva. Ficaram as boas lembranças, os afetos, os sorrisos, as missas e seus incensos. Natal para mim é sempre sinônimo de alegria. E de família.
Aline e Juliano
As figurinhas que sempre enfeitaram nosso Natal!

 
 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

COISAS DA VIDA


O que chegou em casa por esses dias!
Presentes da amiga Michelle Veronese

Como tudo isso começou!
Na praça, interior da Paraíba
(espero que  o espírito natalino a faça me perdoar pela
indiscrição de publicar esta foto...não resisti!)
Era uma vez o destino. Férias em família, fugindo da vida agitada em Sampa, meu eterno lugar de referência. Bandeirinhas de São João tremulando no salão. Nada planejado, mas foi ali que fui picada pelo bichinho 'vontade de voltar'. E voltei. Hoje, a amiga querida (de tão pouca convivência, infelizmente) reconhecida nesses dias, habita minhas terras. Eu as dela. Era uma vez o acaso, sempre a vida fazendo o que bem entende.



domingo, 16 de dezembro de 2012

CÓPIA FIEL

Beleza, originalidade, verdade. Mitos. O filme Cópia Fiel (Copie Conforme, 2010) encanta pela temática, mas especialmente pela vulnerabilidade de Juliette Binoche, atriz que adoro e admiro. Às vezes cofuso, ou não; meio cansativo, ou não. Para quem gosta de diálogos e de tempos mais lentos, uma delícia. Como boa geminiana, característica que desconfio ter pouca ligação com a astrologia e mais com um karma, saí especialmente impressionada com uma frase. Daquelas que permitem sentir-me quase normal em um mundo de mil teorias, personalidades, vontades. Um alívio.

“Receio não ter nada de simples em ser simples”

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

DICA DE VIAGEM

Quem seria insensato a ponto de morrer sem ter ao menos feito a volta de sua prisão? (A obra em negro - Marguerite Yourcenar)

Coloquem na bolsa as narrativas da escritora Marguerite Yourcenar, A Volta da Prisão (Nova Fronteira, 1991, 138 páginas). Acompanhem em sua leitura as peregrinações da autora pelo Canadá, Alasca, Havaí, e especialmente o Japão (o grifo aqui é da autora, porque eu sou suspeita). As viagens acontecem entre os anos de 1979 e 1987, e o olhar minucioso de alguém que é capaz de se mover através das palavras torna tudo mais gostoso. Um momento ou outro meio cansativo, mas nada que tire o prazer da caminhada. Trata-se de um aprendizado de antiturismo. Ela ensina a deter-se diante dos detalhes e critica a chamada viagem organizada de nossos dias que protege contra o que o jargão contemporâneo chama de ‘os choques culturais’. Lembrando que presos a roteiros acabamos escapando às novidades.

 
Marguerite Yourcenar
 
“O turismo dessora o mundo; o turista pouco instruído que percorreu em oito dias cinco capitais da Europa guarda apenas a lembrança confusa de uma espécie de documentário que teria podido ver igualmente bem no cinema do seu bairro

terça-feira, 27 de novembro de 2012

INFANTIL (a arte de ensinar o gosto pela leitura)

www.itau.com.br/itaucrianca

Em tempos de tecnologia avançada, continuo encantada com o carteiro. Desta vez ele me trouxe a Coleção Itaú de Livros Infantis. O objetivo da instituição é estimular o hábito da leitura nas crianças, e para isso espera contar com a boa vontade dos adultos, que ao receberem o material devem ler para seus pequenos. Segundo o projeto, o adulto que compartilha uma leitura com uma criança está resguardando o direito dela à educação, à cultura e também ao lazer. Me chamou atenção a observação para ler a história, ao invés de contá-la. Essa é uma tentação de certos adultos, que pensam estar “facilitando” a história, e pecam por subestimar a capacidade da turminha. Tirando delas também a oportunidade de conhecer novas palavras e estimular a curiosidade e o vocabulário. Lendo é que se aprende a ler. Aproveito para confessar, minha criança interior (que teima em não crescer, pelo menos nessas horas) adorou e devorou os livrinhos. Adoro literatura infantil, e dificilmente resisto a uma boa aventura.
 
Morrendo de rir com o morango disfarçado!
Ilustração Don Wood
 
Apaixonada pelo gatinho preto!
Ilustração Flávio Fargas
 

sábado, 24 de novembro de 2012

YAKUZA (surpreendentes revelações da filha de um gângster)

 
Dizem que as águas correm para os rios, e estes para o mar. Tal qual minhas leituras. De alguma maneira misteriosa, cada época é marcada por um tema. Uma coisa meio de fase. Juro que sem intenção, não procuro. Simplesmente os olhos correm em direção a determinados rios. Foi assim com o livro “A Lua de Yakuza”, de Shoko Tendo (Editora Escala, 2010, 246 páginas). Não tinha nenhuma referência, sequer sabia que ele estava em quase todas as bancas de jornal. Fui encontrá-lo em Campina Grande (PB), por acaso. Aliás, fui parar lá também meio por acaso. Como já confessei, não resisto aos ares do oriente. Memórias devastadoras, um texto chocante e comovente.
 
Curioso alguém, uma mulher, falar tão abertamente sobre um assunto quase proibido. Nascida em família de um rico chefe da yakuza, Shoko Tendo cresceu cercada de luxo. Mas o rótulo de “a garota yakuza” fez dela vítima de assédio moral e discriminação por parte de professores e colegas na escola. O pai começa a se endividar, torna-se bêbado e raivoso. Na adolescência Shoko já faz parte de gangues e conhece o mundo das drogas. Após passar por uma série de relacionamentos abusivos e violentos e a morte dos pais, resolve dar uma guinada em sua vida, e consegue.
Um detalhe, ela saiu do universo da temida máfia japonesa, e começou esse processo exatamente com algo contraditório, tatuando todo o corpo. Ao sair, deixou um registro. Talvez para não esquecer nunca mais para onde não deveria voltar.  Tomando posse de sua vida e de seu corpo. Não sei se um grande livro, mas uma boa história. E também uma oportunidade para entender que todos temos um Lado B, os países também.


 
 

domingo, 18 de novembro de 2012

CORAÇÃO EM CINZAS

Acabo de descobrir uma nova fonte de aventuras. Uma biblioteca que me envia livros pelos correios. O difícil, como sempre foi, é devolver um exemplar querido. É como perder um grande amigo. Coração em cinzas – Memórias de uma filha chinesa rejeitada, de Adeline Yen Mah (Landscape, 2007, 278 páginas) foi paixão à primeira vista. Por motivos óbvios, tenho uma natural simpatia por tudo que se refira aos ares asiáticos. Se a história possuir também uma dose de realidade e um bom personagem feminino, pronto, já me fisgou. Devorei o relato autobiográfico da médica chinesa Adeline Yen, nascida em 1937, ao norte de Xangai, em busca das mais básicas necessidades humanas: aceitação, amor e compreensão.
 
A cruel realidade de sua vida junto a uma família problemática, na qual o preconceito dos irmãos e a indiferença do pai eram terrivelmente agravados pelos incompreensíveis maus tratos impetrados por sua madrasta, cruel e manipuladora. Uma sensação de impotência, diante de uma sociedade que pode ser tirana, covarde e desumana. Uma mostra de que a realidade pode ser muito, mas muito mais cruel que a ficção. Hoje, Adeline é casada, vive na Califórnia com seus dois filhos e é muito feliz.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

ALDEIA (ou a arte de ficar em casa)


Campina Grande (PB)
 
Tolstoi, escritor de Guerra & Paz, livro que li aos 15 anos, pretensiosa (pouco entendi, confesso, penso um dia tentar de novo), também afirmou: "Conhece tua aldeia e serás universal" . A vontade de ficar quieta, apenas dona do meu próprio tempo e nariz, flanando por aí no ócio nem um pouco criativo, me obrigou a resumir as pequenas férias a uma viagem ligeira. No quintal de casa, sem trocadilhos. Horas andando pelo Centro, coisa que adoro. Praça da Bandeira. Exposição no Museu Chateaubriand. A Feira. Loja do 13 (Galoooooo). Shopping Boulevard. Sebos. Açude Velho. Bancas de jornal (sempre). Tropeiros da Borborema. Frans Café. Casa de família e um amor a tiracolo. Perfeito.
 
Tropeiros da Borborema
 



Sem pressa para levantar
 


Adoro cactos, sinto-me em casa



 

 

domingo, 4 de novembro de 2012

PAUSA (ou a arte de desacelerar a vida, pensamentos e sentimentos)

Editora Globo
O tempo é curto. Tanto, que antes de começar o período de recesso já conto com uma agenda cheia de "pequenas coisas a fazer". Essa vidinha de detalhes, coisinhas para resolver, nos toma um tempo precioso. Para distrair, furei a fila enorme de títulos para ler. Não resisti ao namoro antigo e aqui estou, com minha sonhada biografia da Frida. Torcendo para que nessa viagem (talvez a única do rápido recesso) saia inspirada com o magnetismo da artista. Afinal, a vida ligeira e cotidiana também precisa de ARTE.  

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

HALLOWEEN

Autêntico "bruxinho" nipo-brasileiro-americano

Até agora procurando entender as críticas ao Halloween. Estarão as bruxas sendo novamente crucificadas? Uma crise de nacionalismo? Talvez nem uma coisa nem outra. Afinal, sobrou também para o coitado do Saci. Não tenho nada contra festas, pagãs, religiosas e etc.. Tenho medo dos excessos (alguns podem ser ótimos, é verdade). Mas o excesso de crítica, o excesso do “eu acho” (que piada, cá estou eu, achando). Enfim, nada contra o Natal, que amo. Nem contra o Carnaval, que fujo. E como ser contra o Halloween olhando essa fotinha fofa? Se bem que nesse caso fica fácil, meu sobrinho é um fofo, e sua fantasia está no contexto correto. Ele nasceu em Laie, Hawaii (U.S.A). Trick-or-treat, doce ou travessura?

 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

DIA DAS CRIANÇAS

HOMENAGEM A MINHA TURMINHA   MADE IN JAPAN

O pequeno Leo, participando de sua primeira cerimônia oficial
Kouma Pono, Chiyo Lana , Aina Yamada e Kazuto Makani (os viajantes aventureiros, igual a sua 'mama' Aline)
Kazuto, o espirituoso (simpático)
Kouma, o engenhoso (inventivo)
Aina. a charmosa (engraçada)

Chiyo, a manhosa (independente)
Levando os amigos para passear (eles vivem inventando e fazendo arte, a de verdade e do outro tipo)
Beijo carinhoso na menininha fashion (eles se adoram)
Leo Diniz Takizawa, a cara do papai Juliano.
 

domingo, 30 de setembro de 2012

CATIVEIRO

ou a arte de se divertir com a desgraça alheia


Parque Arruda Câmara (Bica), João Pessoa

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Quando criança, visitas ao Zoológico e ao Playcenter me tiravam o sono. Adorava. Às vezes não me falavam do passeio com antecedência, para ver se não enchia tanto o saco perguntando: falta muito? que dia é o passeio? Hoje, o saudoso parque fechou. E visitas aos parques com animais me embrulham cada vez mais o estômago. Sinto que a garotinha que cismava em não comer os ‘amiguinhos’ tornou-se menos tolerante.

Parque Arruda Câmara (Bica), João Pessoa
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entretenimento e alegria não combinam com o olhar melancólico de alguns bichos em cativeiro. Uma perspectiva diferente e inquietante sobre o cotidiano de criaturinhas que nasceram com o triste destino de representar a espécie. Tem como negar que algumas imagens mostram a falta de liberdade presente no cotidiano destes animais? Ao que parece, os olhos são mesmo o espelho da alma.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

VIVER PARA CONTAR

A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la

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Viver para contar (Record, 2002, 474 páginas) é o livro de memórias do escritor colombiano Gabriel García Márquez.  Curioso começar sua leitura exatamente na semana em que foi divulgada a notícia de que Gabo, como é carinhosamente conhecido, sofre de demência senil.  Aos 86 anos ele preparava a segunda parte de sua biografia, mas após o diagnóstico já anunciou que para de escrever. Triste. Um homem tão rico em memórias e histórias silenciar. É a vida. Narrativas e personagens são reflexos de suas experiências. Seu cotidiano já parecia pedaço de romance. O realismo mágico sua trajetória. Tudo se explica. O autor de Cem Anos de Solidão (1967), O Amor nos Tempos do Cólera (1985) e ganhador do Nobel de Literatura (1982) afirma que  “não há nada deste mundo nem do outro que não seja útil para um escritor”.
Todo texto tem seu marcador, e nesse caso ele veio do Museo
Del Prado (Madri), presente de uma amiga querida.
(que emprestou o livro!)
Mesmo confessando dificuldade com a ortografia, perseguiu a escrita como uma religião. Todas as energias estavam concentradas a fundo na obsessão de aprender a escrever. Ele se obrigava “uma carpintaria diária para aprender a escrever a partir do zero, com a tenacidade e a pretensão enfurecida de ser um escritor diferente”. Um discurso tão distante da pretensão do mundo moderno, quando qualquer linha escrita já tem intenção de best-seller. García Márquez é personagem apaixonante. E a partir de agora fica a curiosidade para descobrir em seus escritos traços de suas histórias. Ele confessa, como bom (típico) leitor, o hábito de cheirar as páginas de todo livro novo. A voracidade dos seus hábitos de leitura desde a infância, e a sua coragem de seguir um sonho já o denunciavam. Ele seria grande. Um dos melhores no que sempre amou fazer.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

RUTH CARDOSO

MULHER, ANTROPÓLOGA E PRIMEIRA-DAMA (POR ACASO)

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Nunca fui muito de ídolos, mas na adolescência já era fã do antropólogo Darcy Ribeiro. Depois Florestan Fernandes, Roberto DaMatta, Ruth Cardoso. Esta última, quase me fez optar por cursar Antropologia, como minha segunda opção de graduação. Escolhi Radialismo, no último minuto do segundo tempo. A admiração continuou. O objeto de estudo dessa ciência me encanta. Costumes, crenças, hábitos, gente, enfim. Daí a felicidade ao ganhar de presente o livro Ruth Cardoso: Fragmentos de Uma Vida (Globo, 2010, 300 páginas), escrito por Ignácio de Loyola Brandão. Segundo a orelha da obra,Loyola escolheu uma narrativa a muitas vozes, colheu o testemunho daqueles que com ela viveram sua aventura, dos que a amaram. Em depoimentos emocionantes eles reconstroem o que foi o seu percurso de filha, namorada, esposa, mãe, avó, dona de casa, antropóloga, acadêmica e feminista. Primeira-dama do Brasil. Ruth emerge deste livro com o que foi a sua marca ao longo da vida: a busca da excelência em tudo que fez.”

O texto agradável de Loyola em muito contribui para a leveza do livro. Mas a personalidade marcante e acolhedora da “Dona Ruth” é decisiva para encantar o leitor. Sei que comigo foi assim. Ao final do livro estava íntima, participando de uma vida que não mais existia. A ponto de diminuir o ritmo da leitura, evitando chegar ao capítulo de sua morte. Sempre tão empolgada com seus projetos, realizadora, inteligente e bem-humorada, Ruth Cardoso é uma daquelas pessoas que vai embora, mas deixa saudade. Idealizadora do programa Comunidade Solidária, foi uma antropóloga para quem as comunidades observadas eram comunidades vivas e não culturas para consumo das elites.

domingo, 23 de setembro de 2012

DOMINGO

 























Dia de saudade. Da turminha do outro lado do mundo (mesmo depois de uma longa conversa ao telefone). De meu primo querido (depois de 30 dias de ausência). De tempos que não voltam (mesmo não querendo que voltem de verdade). O momento é agora, sempre será (e isso pode ser assustador). O certo é que o tempo passa, e para ouvir o maravilhoso álbum Secos & Molhados tive que recorrer à modernidade. Meu velho LP comprado na lojinha da Continental/Chantecler (Gravações Elétricas S/A), vai continuar na estante enquanto a velha vitrola estiver com a agulha gasta. Vem daí outra saudade, dos tempos da Av. do Estado, onde a também velha gravadora, a última com capital nacional, resistia bravamente. Bons tempos, bom trabalho, amigos queridos encontrei por lá.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

LILIA, LILA, LILLA

 


































Era uma vez uma menininha teimosa. Aqui, o registro de uma de suas primeiras fotos. Era um tempo não digital, esses momentos costumavam ser acontecimentos familiares. Contam que nessa ocasião a tal garotinha cismou que só deixaria fotografar-se quando estivesse de posse da bolsa de sua mãe. Por certo, achou que tinha cara de brinquedo. Ela venceu, e foi aí que descobriu os sinônimos. Teimosia combina com persistência e obstinação. A cara de 'pergunta' esconde as lágrimas que convenceram. Ela venceu, agarrou-se ao seu troféu. Chupeta na boca, outro ponto inegociável para a pequena. Depois dessa, teimosia mesmo só quando cismou que seu nome não era o seu nome. Maria. Parecia básico demais diante de duas Marias com nomes compostos, suas amadas irmãs. A solução, rebatizá-la. Lilia, Lila, hoje Lilla, que a garotinha crescida não teve coragem de ignorar um estudo numerológico, presente de uma amiga. Vai que funciona?

sábado, 15 de setembro de 2012

KIKA, A ESTRANHA

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E minha velha mania de comprar livros escritos por jornalistas ou que contem suas histórias. Deve ser uma estranha síndrome de identificação. O primeiro livro da jornalista Kika Salvi, “Kika, a estranha – Aventuras e desventuras de uma colunista de sexo descasada” (Geração Editorial, 2004, 255 páginas) é praticamente um desabafo. Exageradamente verdadeiro e desencanado. Desconfio um pouco de pessoas livres demais, fico imaginando que a psicanálise pode explicar essa necessidade de se expor e impor nossas verdades. Bom, mas isso é outra coisa. Leitura leve, Kika narra com muito bom humor, aventuras e desventuras de um mundo machista, enquanto destrói e constrói idéias, conceitos e preconceitos.

 
Segundo a Geração Editorial, a história de uma “jornalista com duas filhas pequenas, que logo após pedir a separação de um casamento ‘ideal’ de sete anos, passou a assinar a coluna de sexo, na revista VIP, da Editora Abril, e a trabalhar na própria redação. Algumas dessas colunas intercalam e complementam a narração do livro. Foi um começo um pouco difícil. Acostumada à vida de 'dondoca', passou por poucas e boas até aprender a ser independente e se mostrar uma profissional de talento”.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

DIA DA PÁTRIA

O pequeno José, um anjinho com 13 dias de vida.





















Ele nasceu no dia 7 de setembro, e se estivesse vivo completaria hoje 50 anos. Estranho alguém que só viveu 13 dias ter essa idade. O pequeno José é hoje um menino senhor, e será sempre lembrado e querido. Acredito que quase 100% das pessoas que conheço imaginam ser mórbido e estranho a foto de um menininho morto. Para mim, sempre foi o retrato de um irmãozinho querido que foi embora e não cresceu com as três Marias. Essa ideia foi um arranjo das pessoas que, diante de uma mãe muito doente após um parto difícil, acreditaram estar apenas amenizando sua dor. Uma lembrança, única em sua curta existência.
 
Além do mais, o que hoje parece bizarrice já foi algo bem natural. Durante o século XIX era comum que as pessoas, ao morrer, fossem fotografadas. Esta atividade se chama Post mortem Photos. Uma espécie de negação da morte e ao mesmo tempo uma forma da família lembrar-se dos entes queridos. Um costume que começou exatamente por causa da alta taxa de mortalidade infantil, quando as crianças morriam sem que a família tivesse qualquer imagem para recordar.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

SEXTA




































Hoje é sexta-feira. Dia feliz. As minhas, imagino, nunca mais serão tão alegres. Terão sempre um tom de vermelho e um gosto amargo de sangue. Mas a vida segue, e pequenas coisas nos fazem ficar quase animadas. Esses mimos chegaram para cumprir esse papel. Minhas revistas japonesas, made in irmã mais velha. E "A Volta da Prisão", de Marguerite Yourcenar, que foi escolhido por causa das histórias de viagem da autora pelo Japão. Ato falho, de tanta saudade das férias do ano passado.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Au Revoir

A mente humana é capaz de cada coisa. Horas e horas pensando em como escrever um texto de despedida, e essa palavrinha martelando na cabeça: Au Revoir. É que a memória dos tempos em que estudávamos francês no colégio (lembram, meninas?) faz parte de uma época em que estávamos todos inocentemente juntos. Brincadeiras, brigas de crianças, travessuras. As dificuldades do mundo dos adultos não nos atingiam. O tempo passou, ventos nos levaram para lugares distintos, mas coração e emoção ficaram naquele universo. Assim como nos acompanham até hoje. Mesmo que os quatro mosqueteiros sejam eliminados, ficam as lembranças e suas histórias. Um acabou de partir. De forma triste. Trágica. Solitária. O menino que desenhava belos aviões e cavalos nas ruas da Rua Rio da Prata está agora descobrindo, finalmente, as respostas para suas constantes indagações sobre vida & morte. Continuo achando que perder não é nada bom, mesmo que o importante seja (viver) competir. Ele gostava de estar quieto, muitas vezes sozinho, mas sabíamos que estaria sempre ali. E isso bastava. Ficou a saudade e a dor de perceber que a vida é como ela quer!

sábado, 18 de agosto de 2012

PIT STOP

ou como o inimigo venceu a guerra

Aedes aegypti


















Nunca subestime seu inimigo. Mesmo que ele seja pequenininho, quase invisível a olho nu. Nocauteada pelo tal Aëdes aegypti, confesso que nunca levei a criatura muito a sério. Achava que as matérias sobre o tema tinham sempre um tom acima, o do exagero. Ele chegou e não percebi, os sintomas fundiram-se com a já conhecida fadiga. No estágio de tomar vitamina injetável, como podia imaginar que entrava para a estatística da dengue? Premiada com todos os sintomas, tudo ao mesmo tempo no mesmo corpo, cheguei ao estágio do nada. Vontade de aquietar-me para sempre. Estou começando a achar que os tais clichês são sábios. Saúde é tudo (e paz também). Fui entender que estava mal no dia em que saí de casa para ir a uma tal perícia médica sem batom, brinco, e com uma combinação esdrúxula de figurino. Era o tal do nada se impondo. Os mosquitos entram agora para minha lista de criaturas que admito eliminar. Até então, só as traças faziam parte dela. Não podia arriscar minhas paixões, os livros. Voltar a escrever me parece um sinal de cura!

domingo, 22 de julho de 2012

GARAPA

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Não acredito que um novo amor seja a fórmula para eliminar velhos sentimentos. Mas bem que a teoria serviu para tirar o foco de minha tristeza. Há muito guardando o documentário GARAPA (Brasil, 110 minutos, 2009), de José Padilha, para assistir no momento certo, eis que ele aconteceu. A dor não passou, mas a percepção de que o mundo é feito de muitas dores pode ser reconfortante. A sensação de fome, mesmo assistindo ao filme após um farto almoço, foi quase sintomática. Mousse, sorvete, pipoca e outras guloseimas não conseguiram aplacar o medo dessa frase: situação de insuficiência alimentar grave.
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Em preto e branco, o filme registra o cotidiano de três famílias do Ceará, que aplacam a fome de seus filhos com a garapa do título, composto de água e açúcar servido às crianças para substituir o leite praticamente inexistente. Sem trilha sonora, com câmera na mão e lentes fixas, "Garapa" quer que o espectador olhe de perto as estatísticas já conhecidas, durante longos e angustiantes 110 minutos. Um desfile de criaturas sem autoestima nem sonhos, resignados com suas condições frente à vida. O filme acaba e eles continuam esperando pela “vontade de Deus”.

domingo, 8 de julho de 2012

BYE BYE SIVUCA


Sivuquinha, meu amor!

Perder é sempre ruim. Quando ainda se está física e emocionalmente frágil, é pior ainda. Que me perdoem os não sensíveis e os fortes de coração, mas perder meu gatinho Sivuca doeu fundo. Foi de repente, ainda não acreditamos. A casa está triste. Ele era tão feliz, que não parece justo ter vivido só dois aninhos. Aqui em casa pensávamos que iríamos envelhecer juntos. Uma pena.

Ele foi abandonado em nosso quintal na última edição do Fenart, em maio de 2010. Era branquinho e tinha olhos claros. Assim como o festival, também fizemos uma homenagem ao mestre Sivuca. Foi ficando dengoso e esperto. A cara de bobo era só para fazer charme. Tinha alguns apelidos, Sisi ou cabeção. Mas tinha também a enorme capacidade de deixar nossos dias mais coloridos.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

100 COISAS PARA FAZER

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Aproveitando o chá da verdade do último post (que me perdoe o ídolo Ariano Suassuna), tenho que confessar. Comprei o livro 100 COISAS PARA FAZER [antes de morrer] (Melhoramentos, 2005, 197 páginas), de Michael Ogden & Chris Day, estimulada pelo preço promocional. Normalmente não tenho muita paciência com esse tipo de título. Minha sorte foi que não morri nos últimos três anos, tempo que levei para ter coragem de iniciar a leitura. Do contrário, teria perdido a oportunidade. O texto é bem ingênuo, e os depoimentos poderiam ser quase todos resumidos pela metade. Mão não deixa de ser interessante a reflexão sobre o que ainda se espera da vida. Afinal, quais os sonhos que deixou para trás (ou perderam-se pelo caminho). Quais seus projetos atuais. O que você gostaria de fazer e ainda não teve coragem suficiente. Fiz umas 500 listas mentais durante a leitura.

Algumas sugestões
COISAS PARA FAZER ANTES DE MORRER

Procurar um velho amigo.
Não fazer absolutamente nada.
Escalar o Monte Fuji.
Mudar um hábito.
Apaixonar-se.
Mudar de carreira.
Pintar um oratório.
Gritar com toda força.
Fazer jardinagem.
Lutar por um causa.
Começar tudo de novo.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

AUTO-ENGANO

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Segundo o economista e cientista social Eduardo Gianetti, autor do livro AUTO-ENGANO (Companhia de Bolso, 1997, 253 páginas), mentimos para nós mesmos o tempo todo. Parece terrível, mas ele explica. Adiantamos o despertador para não perder a hora, acreditamos nas juras da pessoa amada, lembramos e esquecemos de acordo com nossas convicções. Ou seja, segundo o autor somos todos grandes mentirosos. Imagino que os conceitos de belo e verdade sejam relativos. Mas uma coisa é errar feio no julgamento de uma obra de arte, e outra é prejudicar o próximo ou toda uma coletividade com mentiras. O livro reflete de forma profunda e interessante sobre o tema. Mas tenho que confessar, não vou mentir, achei o livro meio cansativo. Um tanto rebuscado em seu discurso. O curioso é que outro dia, numa noite de insônia, vi uma entrevista do Gianetti no programa do Jô Soares, e me surpreendi com seu jeito leve e espirituoso de falar. Acredito que se ele tivesse dito o que defendeu no livro com a mesma linguagem, a obra seria muito mais interessante.