domingo, 30 de agosto de 2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

REVISTAS & FILMES
Ando com mania de filmes e revistas, período pós-livros e jornais. Talvez por preguiça, mas não me parece mal. No geral, as coisas funcionam mesmo como na música dos Titãs, “tudo ao mesmo tempo agora”. A leitura da revista Rolling Stones me levou à uma entrevista antiga (1987) do cineasta Woody Allen, que adoro, republicada na edição deste mês. Ele fala dos trabalhos e neuroses. Mas me chamou a atenção comentários sobre ‘coisas pequenas’ e ‘religiosidade’. Tenho mania de fazer coisas pequenas. Cuidar da coleção de cactos, fazer paninhos de crochê, confeccionar marcadores de livros, só para citar algumas. Mania de ocupar o tempo livre com pequenos afazeres. Hábito que relaxa e esvazia a mente para coisas importantes que possam aparecer. Daí vem Woody Allen com sua teoria: “Sempre achei que se alguém consegue ajustar sua vida de modo a manter-se obcecado por coisas pequenas, acaba evitando ficar obcecado com as coisas realmente grandes. Se você cria uma obsessão por algo muito grande, acaba se sentindo impotente e assustado, porque não há nada que possa fazer a respeito do envelhecimento e da morte”. Em seguida, ele diz: “invejo pessoas que são naturalmente religiosas, sem terem sofrido lavagem cerebral ou atraídas pela barulheira das instituições organizadas. É como ter ouvido para a música ou algo assim”. Outra tese interessante. Essa deve ser a maneira ideal de se aproximar das divindades, deuses, espíritos. Seja qual for a religião do indivíduo. Depois dessa, meu lado católica, ‘tentando ser quase praticante”, lembrou de agradecer a Deus por ter tido a oportunidade de conhecer a religião em ambientes saudáveis. Lembro agora de um padre que conheci na adolescência, quando ele dizia ser impossível você escolher uma religião sem conhecer as outras, assim era muito fácil. Tinha que ser consciente e saber questionar, para não cair em armadilhas. Um outro adorava a cervejinha com violão depois da missa das seis no domingo.... Uma fé que nasceu lúcida e descontraída, combinação que não se vê muito por aí.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Fim de Semana

FARSA
A farsa do poder faz parte da maioria das sociedades e governos, infelizmente. Uns mais, outro menos. O certo é que para quem quer manter o pique dos telejornais, que têm anunciado em altos brados os escândalos nacionais, João Pessoa oferece uma boa opção de lazer, cujo tema é exatamente este, a partir desta sexta-feira, 14. Trata-se de uma livre adaptação da obra homônima do dramaturgo potiguar Racine Santos, A Farsa do Poder, uma trama que se passa na pequena cidade de Cudimundo, onde o Prefeito corrupto e o Delegado, seu braço direito, vêem seu poder ameaçado pela chegada do Governador. Oportunidade perfeita para Ferreirinha, astucioso poeta popular, tirar vantagens, conquistar a admiração de Das Dores, seu grande amor e, “de quebra” reformar o cabaré de Malvarosa. Um convite ao universo da comédia popular. No palco, fatos que podem acontecer, como bem sabemos, em qualquer cidade, seja numa capital ou num pequeno vilarejo do interior. Um espetáculo que nasceu no Curso de Especialização em Representação Teatral da Universidade Federal da Paraíba, como projeto final, uma pesquisa coletiva e colaborativa desenvolvida pelo grupo Osfodidário.

Ficha Técnica
Texto
: Livre adaptação da obra de Racine Santos
Direção e adaptação: Grupo Osfodidário
Supervisão: Christina Streva
Direção Musical: Daniel Porpino e Thardelly Lima
Elenco: Daniel Porpino, Dudha Moreira, Fabíola Morais e Thardelly Lima
Figurinos: Dudha Moreira e Fabíola Morais
Plano de Luz: Netto Ribeiro e Galego
Duração: 50 minutos
Temporada de agosto de 2009
Local: Theatro Santa Roza
Data: 14, 15 e 16; 21, 22 e 23; 28, 29 e 30 de agosto (sextas, sábados e domingos)
Hora: Sempre às 20h
Ingressos antecipados: R$ 5 (Lojas Herrero - Shoppings Sul, Manaíra e Tambiá)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

ARTE
Nesta quarta-feira, 12 de agosto, comemora-se o “Dia Nacional das Artes”. Maneira criativa que o homem inventou para se fazer entender, através da beleza e subjetividade. O Brasil é um país de cultura rica e diversificada, cuja arte nos faz parecidos, apesar de sermos tão diferentes. Momento oportuno para folhear o livro de “Flávio Tavares, Desenho e Pintura”, que chegou às minhas mãos por estes dias. Apesar da vaga memória, lembro-me de ter ido ao seu lançamento, ocasião em que pude apreciar de perto o talento desse artista paraibano, de fama internacional. Uma edição que tem o patrocínio da Gráfica Santa Marta, que caprichou na edição de alguns dos mais belos trabalhos de Flávio. Na ocasião do lançamento (2006) o pintor e desenhista comemorava 40 anos de uma das mais brilhantes produções das artes plásticas no Brasil, e uma das mais fortes contribuições da Paraíba à produção das artes plásticas nacionais. Uma feliz coincidência com os festejos da gráfica, também comemorando quatro décadas de atuação no mercado nordestino em seu ramo de atividades. Cores, texturas e muita vibração é o que o leitor encontra no passeio pelas páginas dos desenhos e pinturas de Flávio Tavares neste livro. Uma pequena mostra do talento desse artista que, no trato pessoal, também é um mestre em elegância.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

THE END

Essa coisa de morrer é sacanagem. A pessoa com um monte de coisas pra fazer no outro dia, viagens marcadas, projetos, contas a pagar, ela vem e te leva. Quando criança tinha medo da morte, acho. Medo do ritual. As imagens me assombravam por noites. Mas mesmo com medo fazia questão de ir lá ver, observar tudo. O que assustava também atraía. A morte como perda, não sei dizer se tinha medo ou não. Talvez não, por não compreender exatamente o que isso representava. Lembro que perdi minha avó materna e não conseguia chorar, sentia-me culpada por isso. Estava triste, mas muito assustada para fazê-lo. Curioso é que quando se tratava do mundo animal, desde a mais tenra idade já tinha uma compreensão absoluta do que significava matar e morrer.Vem daí a mania de ser vegetariana absoluta e incondicional.

Ainda criança, morei um bom tempo em frente a um cemitério, ao lado (esquerdo e direito) de dois hospitais, próximo ao quartel da cidade. Lugar ideal para crescer. Imaginem, a parede da casa era ao lado de onde colocavam os mortos. Brincávamos de esconde-esconde entre os túmulos, e os melhores esconderijos eram aqueles antigos, tipo capela. Tenho ótimas lembranças desse tempo. Adolescente, acostumei-me a passar algum tempo entre as ruas de um belo cemitério que ficava no meu trajeto, em alguns dias da semana. Lugar calmo, bom para pensar na vida. Lá, tinha certeza que ninguém iria me incomodar. Passeando entre os túmulos via as fotos e imaginava como teria sido a vida daquelas pessoas. Aí sim, deixava de pensar na vida cotidiana e viajava para questões mais filosóficas, se é que isso acontece aos 15 anos.

Enquanto isso, apenas meus gatinhos morriam, atropelados, envenenados, ou de ‘morte natural’. Como se perder criaturas que amamos pudesse ser natural! Já faz um tempo isso mudou, comecei a perder pessoas que fazem parte de minha vida desde que me entendo por gente, e isso é muito estranho. Voltei a ter medo da morte. Um medo maior.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

MADE IN CHINA

A edição da última semana de abril da revista Veja trouxe em suas páginas amarelas uma entrevista com a escritora e jornalista chinesa Xinran Xue, 51 anos. Uma feliz coincidência fez com que seu livro, “As boas Mulheres da China: vozes ocultas” (São Paulo: Companhia das Letras, 2003) viesse parar em minhas mãos praticamente após a leitura da revista. Por força do destino tenho uma particular atenção com as coisas do oriente, e me intrigou uma observação de Xinran sobre o fato de que “os ocidentais cometem o mesmo erro do governo chinês: acham que é só modernizar as ruas para modernizar o país”. Penso que talvez essa postura não seja simplesmente coisa de ocidente ou oriente, mas mania de gente mesmo. A vida do vizinho é sempre mais fácil de resolver. Difícil mesmo é pensar no ‘outro’ sobre a lógica do ‘outro’. Seja na vida pessoal ou na comparação entre as mais diversas culturas. Entre 1989 e 1997, a jornalista Xinran entrevistou mulheres de diferentes idades e condições sociais, numa tentativa de compreender a condição feminina na China Moderna. Um registro feito com carinho e competência através de uma pesquisa e escuta cuidadosa. As experiências contadas em seu livro revelam vidas marcadas pelo abandono, violência e opressão.

A autora, ela mesma marcada em sua trajetória de vida pelo desamparo e discriminação, faz com que seus relatos tragam volume a vozes antes silenciadas e ignoradas. Seus pais foram presos durante a Revolução Cultural e ela passou a infância num quartel da Guarda Vermelha. São histórias que revelam provações, medos, esperanças e uma capacidade de resistência que lhe permitiu se reerguer e sonhar em meio ao sofrimento extremo. Como apresentadora de um programa de rádio voltado para mulheres, durante quase uma década ela foi depositária de ouvintes que lhe confiaram suas pequenas e grandes tragédias. Recebia mais de cem de cartas por dia. Para o leitor desavisado, a impressão inicial de que se trata de mais uma obra em defesa do feminino, dos direitos das mulheres, pode se transformar numa bela surpresa. Xinran mergulha em um mundo que, embora retrate seus pares, as histórias e os cotidianos das mulheres de seu país, causa surpresa até mesmo para ela. Se a maioria das mulheres do mundo ocidental, acostumadas com conceitos como democracia e liberdade, ainda têm que lutar por igualdade de direitos, imagine o que seria uma realidade onde a mulher, como indivíduo, cidadã, criatura mesmo, não tem direito algum.

Xinran, apesar de sua história pessoal, de ter sofrido horrores na época da Revolução Cultural, com traumas ainda hoje escondidos embaixo do tapete, ainda assim é uma exceção no mundo da realidade das mulheres chinesas. Ela e uma meia dúzia, a maioria da juventude atual, tem acesso à educação e à informação. A diferença é tanta, entre o moderno e a tradição, que a própria Xinran se surpreende com os horrores praticados em seu país. Inocentemente, em alguns momentos ela revela nas entrelinhas que esperava que essa fase da mulher como uma não-pessoa, na China, já tivesse terminado ou caminhado bastante no sentido de fazê-lo. Até bem pouco tempo, nas residências chinesas, eram destinados às mulheres os quartos laterais na casa da família, onde se guardavam as ferramentas e os empregados dormiam. Os aposentos principais eram destinados ao dono da casa e aos filhos. Xinran conta histórias de meninas e mulheres violentadas, com fome, dor e abandono, e que nem sabiam que tinham direito a não sofrer nada disso. Por vezes interrompi a leitura, sem suportar a narrativa tão cheia de realidade. Para contar tudo isso a autora teve que ir morar na Inglaterra. Talvez essa, mais uma violência contra essa cidadã-mulher chinesa.

domingo, 2 de agosto de 2009

A VOLTA

Dizem que a palavra é de prata, o silêncio de ouro. Diria que existem momentos de falar, outros de ouvir. Entre março de 2005 e fevereiro de 2008 mantive um blog chamado "lillapop" (http://lillaferreira.blog.uol.com.br/). Nunca soube exatamente o que pretendia com ele. Uma tentativa de combater minha incurável tecnofobia, ataque de narcisismo, tagarelice, vontade de cuspir 'coisas'. Não sei. O fato é que hoje, especialmente hoje, a vontade de um blog voltou. Pra falar a verdade, já que (dizem) é feio mentir, acho que criei esse novo blog ainda em 2008, mas a vontade de ficar quieta era maior. Desde que ouvi Ariano Suassuna dizer que 'escrever é a arte de cortar palavras', cismei de cortar foi tudo. Mas aqui estou eu, ainda tentando descobrir porque quero ter um blog.