domingo, 22 de julho de 2012

GARAPA

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Não acredito que um novo amor seja a fórmula para eliminar velhos sentimentos. Mas bem que a teoria serviu para tirar o foco de minha tristeza. Há muito guardando o documentário GARAPA (Brasil, 110 minutos, 2009), de José Padilha, para assistir no momento certo, eis que ele aconteceu. A dor não passou, mas a percepção de que o mundo é feito de muitas dores pode ser reconfortante. A sensação de fome, mesmo assistindo ao filme após um farto almoço, foi quase sintomática. Mousse, sorvete, pipoca e outras guloseimas não conseguiram aplacar o medo dessa frase: situação de insuficiência alimentar grave.
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Em preto e branco, o filme registra o cotidiano de três famílias do Ceará, que aplacam a fome de seus filhos com a garapa do título, composto de água e açúcar servido às crianças para substituir o leite praticamente inexistente. Sem trilha sonora, com câmera na mão e lentes fixas, "Garapa" quer que o espectador olhe de perto as estatísticas já conhecidas, durante longos e angustiantes 110 minutos. Um desfile de criaturas sem autoestima nem sonhos, resignados com suas condições frente à vida. O filme acaba e eles continuam esperando pela “vontade de Deus”.

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