domingo, 13 de fevereiro de 2011

VIÚVAS e etc.

É possível afirmar que a desigualdade dos gêneros é coisa do passado? Particularmente não gosto muito de bandeiras, não aquelas hasteadas com exagero oportunista ou recalques. Mas é impossível dizer que homens e mulheres são iguais em uma sociedade onde homens são melhores remunerados, onde mulheres são apedrejadas por ‘supostos’ adultérios ou garotinhas de oito anos são isoladas do mundo por serem ‘viúvas’. Homens e mulheres são cada vez mais iguais, graças a Deus, mas falta muito ainda para o jogo empatar. O filme “O Rio da Lua” (Water, 2005, Índia/Canadá, Drama/Romance, 117 min.), de Deepa Mehta, me chegou por acaso e sem intenção. E acabou surpreendendo pela delicadeza não panfletária do tema, e por sua doce e triste história. Que mostra nas entrelinhas os direitos da mulher na sociedade indiana que ainda hoje parece bastante influenciada pelo casamento tradicional, onde os noivos são escolhidos pelos familiares. Mostra a triste sina das viúvas na Índia do século passado, quando as idéias de Ghandi começam a mudar o rumo da tradição. O foco é a história da pequena Chuyia e sua amiga Kalyani que se prostitui para financiar o “lar” de viúvas e que ousa perturbar as regras, apaixonando-se por um homem com estudos universitários que está disposto a desafiar a tradição. Estas mulheres, além de remetidas ao esquecimento, não têm dinheiro para comer e vivem da caridade alheia. As mais novas usam a prostituição para pagar as despesas das mais idosas num jogo social que todos conhecem, mas querem ignorar.

E se o tema é social, este foi exatamente o próximo filme a que assisti. “Rede Social” (2010, EUA, Drama, 121 min.), na lista do Oscar 2011. Este não me impressionou. Bem resolvido, incomodou o jogo a qualquer preço dos interesses do universo do Facebook, que faço parte, confesso. Será esse o destino do indivíduo moderno? Seguindo a lista de indicações, mais um desconforto com “Cisne Negro” (2010, EUA, Suspense, 103 min.). Ótimo filme, que nos coloca em xeque com o maniqueísmo disfarçado de nossos mundinhos. Como sempre fujo de filmes de terror, senti certo desconforto com o mergulho no mundo negro da brilhante atriz-bailarina. Sensação que foi embora rapidinho com o “Discurso do Rei” (2010, Inglaterra, Drama, 18 min.), tradição e um pouco de humanidade onde menos se espera, na realeza.

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