segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

BARTLEBY

Prefiro não fazer...

Divulgação
Fase meio Kafkaniana, passeando entre personagens de “O Processo” e “Metamorfose”. Enredada em um cenário que parece não me pertencer. Para combinar com esse tom meio opressivo, a leitura do divertido “BARTLEBY, O ESCRITURÁRIO – Uma História de Wall Street” (L&PM POCKET, 2003, 96 páginas), de Herman Melville. Livrinho de fácil manuseio, quando o peguei nas mãos nem tinha percebido tratar-se do mesmo autor do clássico Moby Dick. Me encantei pela capa, confesso. A desconcertante resposta “- Prefiro não fazer...”, proferida por Bartleby todas as vezes que lhe pedem uma tarefa, perturba não apenas seu chefe, mas especialmente ao leitor. Eleito pelo escritor Jorge Luis Borges como uma das obras literárias mais importantes da humanidade, Bartleby, o escriturário é considerado por muitos como precursor do existencialismo do século XX.

Com sutileza, Melville constrói Bartleby como a antítese de uma época onde os valores materiais e o trabalho adquiriram status de indispensável, e a ganância passou a ser uma qualidade. Seu personagem, sem nem precisar falar, consegue inverter essa lógica e colocar os leitores diante de um paradigma – quem tem a vida mais absurda? Em meio aos monstros, terroristas e assassinos das histórias de hoje, a renúncia silenciosa do inofensivo Bartleby é a que causa mais destruição.

Pois é, tem coisas que sei não, prefiro não fazer...

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