quarta-feira, 26 de setembro de 2012

VIVER PARA CONTAR

A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la

Divulgação
Viver para contar (Record, 2002, 474 páginas) é o livro de memórias do escritor colombiano Gabriel García Márquez.  Curioso começar sua leitura exatamente na semana em que foi divulgada a notícia de que Gabo, como é carinhosamente conhecido, sofre de demência senil.  Aos 86 anos ele preparava a segunda parte de sua biografia, mas após o diagnóstico já anunciou que para de escrever. Triste. Um homem tão rico em memórias e histórias silenciar. É a vida. Narrativas e personagens são reflexos de suas experiências. Seu cotidiano já parecia pedaço de romance. O realismo mágico sua trajetória. Tudo se explica. O autor de Cem Anos de Solidão (1967), O Amor nos Tempos do Cólera (1985) e ganhador do Nobel de Literatura (1982) afirma que  “não há nada deste mundo nem do outro que não seja útil para um escritor”.
Todo texto tem seu marcador, e nesse caso ele veio do Museo
Del Prado (Madri), presente de uma amiga querida.
(que emprestou o livro!)
Mesmo confessando dificuldade com a ortografia, perseguiu a escrita como uma religião. Todas as energias estavam concentradas a fundo na obsessão de aprender a escrever. Ele se obrigava “uma carpintaria diária para aprender a escrever a partir do zero, com a tenacidade e a pretensão enfurecida de ser um escritor diferente”. Um discurso tão distante da pretensão do mundo moderno, quando qualquer linha escrita já tem intenção de best-seller. García Márquez é personagem apaixonante. E a partir de agora fica a curiosidade para descobrir em seus escritos traços de suas histórias. Ele confessa, como bom (típico) leitor, o hábito de cheirar as páginas de todo livro novo. A voracidade dos seus hábitos de leitura desde a infância, e a sua coragem de seguir um sonho já o denunciavam. Ele seria grande. Um dos melhores no que sempre amou fazer.

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