Foto: Lilla Ferreira |
Parece até castigo - só que
não - ter pedido tanto um tempinho livre, para fazer coisas legais, passeios,
leituras, filmes... E ter conseguido, finalmente. Mas o presente veio com
bônus, aquela doença que a maioria das pessoas ainda tem medo de falar. Sim, já
falei aqui antes, eu tenho câncer, e não um CA. Ou será que falando só o apelido
a doença fica menor – só que não, de novo? Então, o tempo apareceu, e pelo que
estou vendo, vai até sobrar. Torcer agora para a ansiedade diminuir, até porque
é melhor para a saúde.
Logo depois do diagnóstico,
como todo paciente modernonomundodainternet, desandei a pesquisar termos,
diagnósticos, tratamentos, tudo que dissesse respeito à novidade. O lado
personagem jornalista contribuiu bastante, e atormentei a paciência da minha médica.
Nessa busca, encontrei vários blogs de pessoas que resolveram criá-los para
falar sobre a sua forma de lidar com o problema. Aprendi bastante, mas prometi
a mim mesma que não iria transformar esse meu espaço de ‘lazer’ em meu diário
do tratamento. O juramento ainda está de pé, mas não tem como evitar alguma
interferência, afinal de contas minha vida, neste momento, gira em torno desse
planeta.
Lembrei-me do livro
Anticâncer, de David Servan-Schreiber, o relato de um médico que lutou contra o
câncer e inventou uma nova maneira de viver, que li há cerca de dois anos.
Achei que seria a hora de conhecer o final da sua batalha no livro Podemos
dizer adeus mais de uma vez (Fontanar, 2011, 137 páginas). Ele venceu a doença
por quase 20 anos, e despediu-se com serenidade, mas não desistiu nunca, nem
mesmo quando o seu lado racional dizia que era tarde. Mas o mais importante é
que ele viveu enquanto estava vivo, e longe de ser redundância, essa atitude é
sábia e difícil nesse contexto. Foi o David que me fez ter coragem de falar
sobre minha doença no facebook. Ele optou pela franqueza, primeiro porque a
doença se ‘manifesta’, mas também porque segundo ele um ditado americano diz
que “quando há um elefante na sala, não devemos fingir que não o enxergamos,
precisamos falar dele e chamá-lo pelo nome”.
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