A trajetória de Padim Ciço
Em tempos de crise uma boa
pedida é se pegar com a fé. E o momento pede santo forte, de preferência da
região. O escolhido foi meu Padim Ciço. Cresci ouvindo histórias, mas acho que
como a grande maioria dos fiéis pouco sabia sobre a trajetória desse religioso
que virou personagem. O livro Padre Cícero – Poder, Fé e Guerra no Sertão, de
Lira Neto (Companhia das Letras, 2009, 557 páginas) narra em detalhes sua
história. Para o meu paladar literário detalhes demais. Quando não estava
perdida na riqueza excessiva de detalhes e nuances da história dos 90 anos de
vida do padre Cícero Romão Batista, estava tentando tomar partido. O tempo todo
vagando entre os que acreditam em sua boa fé, e aqueles que acreditam ter sido
ele um grande oportunista. Acho que no fim das contas acabei ficando do lado
daqueles que acreditam, e ainda aproveitei para fazer uma promessa, afinal o
momento pede e ninguém é de ferro.
Um homem de boa (grande) fé.
Talvez vítima de um momento histórico complicado para homens religiosos
contestadores. Talvez um tanto ingênuo no início e bem astuto ao final. Mas com
certeza cercado por alguns aproveitadores. A paixão por sua terra era quase
proporcional a sua vocação. Oportunidade de conhecer um pouco a trajetória “desse
homem misterioso que, mesmo tendo um decreto de excomunhão contra si, arrebatou
o coração das massas e passou à memória coletiva e ao panteão popular como
santo”. Uma condição que a igreja está revendo atualmente, afinal parece um
grande desperdício ignorar a romaria de fiéis que até hoje ruma ao Juazeiro
atrás das graças do santo nordestino.
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