Nossa Sasha, observando o mundo ao seu redor |
Se Sasha estivesse viva
nesta sexta-feira 13 teria uns 25 anos, talvez mais. Ela nos deixou quando
tinha onze. Era tão da família que até hoje sua foto ocupa lugar de destaque na
ala dos porta-retratos da casa. Por aqui não fazemos distinção de espécies,
apenas de afetos. Como a maioria de nossos gatinhos, ela foi abandonada ainda
filhote, dentro de uma caixinha. E não é que ela cresceu louca por caixas?
Transformava em diversão qualquer mudança, experimentando todas elas. De
personalidade forte, assustava as visitas mais que cachorro bravo. Reservada,
elegante e discretamente carinhosa, era também teimosa. Caso levasse bronca por alguma arte era capaz
de ficar mais de um dia sem comer, sensível como ela só. Por mais que a razão
dissesse o contrário, agíamos como se ela fosse viver para sempre, e não é
assim com quem amamos? E não pensem que seu nome tem algo a ver com a outra, a
da Xuxa, porque ela nasceu primeiro.
Livro escrito por Aline, a menininha que a Sasha esperava voltar |
A inspiração para o seu nome veio depois
de uma noite maravilhosa de espetáculo no Teatro Municipal paulistano, quando
fomos ver uma montagem do espetáculo Orlando (baseado no romance da britânica Virginia
Woolf). Ele experimenta a decepção amorosa pelas mãos de Sasha, a princesa
russa que o seduz e desaparece. Na peça, Orlando corria pelo palco
gritando “Sasha, meu amor”. A nossa Sasha nasceu em São
Paulo, cresceu dentro de um apartamento e comia salada de matinho numa bandeja.
Morreu em João Pessoa depois de experimentar um pouco de liberdade no quintal
de casa, mas a verdade é que ela nunca passou dos muros e calçadas, apesar de
brava e corajosa seu instinto de preservação nunca a deixou se aventurar.
Quando
pequena, aprendeu a amar uma menina e um menino que depois foram parar do outro
lado do mundo. Ela ficava louca quando ouvia as vozes deles ao telefone, ou de
todos da família que se foram e que ela tanto amava. Eles voltaram, ela ficou
feliz. Eles se foram novamente e ela nunca mais os viu. Restaram as muitas fotos,
as lembranças e todo o seu carinho. Sasha foi uma gatinha que sempre nos deu
muita sorte e alegrias.
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